A produção brasileira de algodão para a safra 2024/25 foi revisada para 3,85 milhões de toneladas de pluma. Isso segundo novo relatório da StoneX divulgado em junho. A queda é de 0,7% em relação à estimativa anterior. E é atribuída principalmente às perdas na Bahia, onde condições climáticas adversas impactaram negativamente a produtividade das lavouras.
Na Bahia, o clima mais seco durante março, seguido por chuvas próximas ao período de colheita, prejudicou o desenvolvimento dos algodoeiros, especialmente no terço inferior das plantas. Isso resultou em queda de capulhos e uma produtividade média de 1,77 tonelada por hectare, um dos menores índices dos últimos anos para o estado.
“O clima mais úmido nas vésperas da colheita trouxe uma sensibilidade maior no terço inferior dos algodoeiros de algumas regiões, gerando queda de capulhos em alguns casos. Com esse cenário adverso, a produtividade média no estado baiano será de 1,77 ton/ha, um dos menores valores dos últimos anos”, explica o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Raphael Bulascoschi.
Desempenho em Mato Grosso
Em Mato Grosso, principal produtor nacional, o cenário é mais positivo. O prolongamento das chuvas beneficiou o desenvolvimento das lavouras, especialmente as semeadas mais tardiamente. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) elevou a estimativa de produtividade média para 289,15 arrobas por hectare. Um alta de 1,72% em relação à projeção anterior. A produção total em caroço deve atingir 6,53 milhões de toneladas, 2,07% acima do ciclo anterior. No entanto, a continuidade do período chuvoso em junho pode afetar o ritmo da colheita e a qualidade da fibra.

Apesar do ritmo mais lento das exportações nas últimas semanas, a estimativa para os embarques brasileiros de algodão em 2024/25 permanece em 2,9 milhões de toneladas, mantendo o Brasil na liderança global do mercado. A expectativa é de retomada do crescimento dos embarques no segundo semestre, com a entrada da nova safra. O principal destino do algodão brasileiro segue sendo a Ásia, com destaque para o Vietnã, que responde por 19% das exportações recentes.
No mercado interno, a StoneX revisou o consumo para baixo e agora estima o total em 700 mil toneladas. Portanto, refletindo a demanda ainda lenta da indústria têxtil nacional. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), porém, mantém uma perspectiva mais otimista, projetando crescimento de 2,16% no consumo doméstico, que pode chegar a 710 mil toneladas em 2025, impulsionado pelo avanço econômico e redução do desemprego.
Estoques e perspectivas
Com a combinação de queda na produção e recuo no consumo, os estoques finais devem se manter estáveis, estimados em 2,7 milhões de toneladas. Segundo a Conab, mesmo com o avanço das exportações e crescimento do consumo doméstico, o estoque final tende a aumentar, chegando a 2,5 milhões de toneladas, devido ao volume recorde da safra e estoques de passagem elevados.
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