O Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/26 terá valor recorde, segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Ele confirmou a informação após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (26/6), em Brasília.
Essa foi a primeira reunião de alto nível do governo federal sobre o tema neste ano. O encontro contou com a presença de ministros da área econômica e representantes do Ministério da Agricultura. Apesar de não revelar os valores, Teixeira afirmou que o anúncio oficial acontecerá na próxima segunda-feira (30/6), às 10h, no Palácio do Planalto.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também participou da reunião, mas não falou com a imprensa. O lançamento do Plano Safra da Agricultura Empresarial está previsto para terça-feira (1/7), mas o horário ainda não foi confirmado.
Segundo fontes do governo, os valores exatos e os recursos destinados à equalização de juros ainda não foram definidos. Paulo Teixeira destacou que o governo não fez pedidos específicos ao presidente. Segundo ele, as políticas atuais, como os juros mais baixos para a produção de alimentos, já mostraram bons resultados.
“Houve deflação dos alimentos. Isso mostra que as políticas estão corretas. Planos Safras recordes, safras recordes”, afirmou o ministro.
Ao ser questionado sobre o novo recorde, Teixeira respondeu com bom humor: “Você acha que a gente vem aqui para jogar recuado?”.
Na safra atual, o governo destinou R$ 76 bilhões ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Até maio, produtores já haviam acessado R$ 60,2 bilhões desse total.
Alta dos juros pressiona orçamento
O contexto para o Plano Safra 2025/26 é desafiador. Com a Selic a 15%, o custo da equalização de juros aumentou, exigindo mais verba pública. O governo ainda estuda como equilibrar as contas sem comprometer o incentivo à produção.
No ano passado, Lula autorizou um acréscimo de R$ 2,7 bilhões ao orçamento do Plano Safra, que chegou a R$ 16,3 bilhões. Na época, a taxa de juros estava em queda. Agora, o cenário inverteu, com tendência de alta nas taxas para todos os perfis de produtores.
A ampliação do orçamento depende da análise do presidente, que deve avaliar o impacto fiscal da medida nos próximos dias.
Governo busca novas fontes de financiamento
Além dos recursos tradicionais, o governo avalia incluir novas fontes de financiamento no Plano Safra. Entre elas, está o programa Ecoinvest, voltado à recuperação de pastagens degradadas com dinheiro captado no exterior.
No entanto, ainda não está claro se esses valores entrarão no cálculo final do plano. Eles não seguem as regras do Manual de Crédito Rural (MCR) e não estarão disponíveis no início da safra.
Outra alternativa em análise é o uso de blended finance, que combina recursos públicos e privados. O leilão para atrair bancos interessados segue aberto até 30 de junho, com possibilidade de prorrogação. A meta é levantar até R$ 10 bilhões por meio dessa modalidade.
Foco é aliviar o peso sobre o Tesouro
Desde janeiro, o ministro Carlos Fávaro busca soluções que reduzam a dependência do Tesouro Nacional. Em maio, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o aumento da exigibilidade das LCAs de 50% para 60%.
Na avaliação de Fávaro, o governo precisa equilibrar incentivo à produção com responsabilidade fiscal. “Falar em aumentar orçamento é botar gasolina no fogo, mas sem um bom Plano Safra é largar o fogo aceso”, afirmou.
Ainda segundo o ministro, novas linhas dolarizadas para exportadores também estão em estudo, com proteção cambial (hedge natural) para produtores.
Anúncios acontecerão na próxima semana
Os anúncios oficiais dos Planos Safra da Agricultura Familiar e Empresarial estão marcados para os dias 30 de junho e 1º de julho, respectivamente. A expectativa é que ambos tragam cifras recordes, mesmo em um cenário econômico mais restritivo.
O governo aposta em medidas estruturadas para garantir crédito rural e manter o ritmo da produção agropecuária no país.
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