O azeite extravirgem Grattacielo, produzido em Córrego do Bom Jesus, no Sul de Minas Gerais, consolidou-se entre os melhores do mundo. Ele conquistou quatro medalhas de ouro em dois dos principais concursos internacionais do setor em 2025: o EVOO International Olive Oil Contest, na Itália, e o International Olive Oil Competition, na Turquia. A premiação destaca o avanço da olivicultura mineira e o papel fundamental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) no desenvolvimento tecnológico e na assistência aos produtores locais.
A produção do azeite Grattacielo ocorre no Campo Experimental da Epamig, em Maria da Fé. O centro é referência nacional em pesquisa e inovação para a cultura da oliveira. Os concursos internacionais avaliam azeites em diversas categorias, como monovarietais, blends e infusões, com foco em critérios sensoriais rigorosos — a ausência total de defeitos é fundamental para a premiação.
O produtor rural Roner Naves, responsável pelo Grattacielo, celebrou o reconhecimento após um ciclo marcado por desafios. “É como ver um filho ser aprovado no vestibular. A colheita foi menor do que esperávamos, mas de qualidade extraordinária”, afirmou Naves, ressaltando a superação após perder cerca de 70% da produção em 2024 devido à antracnose, doença fúngica que afeta severamente os olivais.
Tecnologia e manejo inovador garantem qualidade
Após o surto de antracnose, a Epamig orientou o produtor a adotar um protocolo de manejo preventivo, com aplicação de fungicidas nos períodos críticos do ciclo da planta, antes mesmo do surgimento dos sintomas nos frutos. Essa estratégia foi essencial para preservar a qualidade sensorial do azeite, evitando características indesejadas como mofo e ranço, além do aumento da acidez.

A pesquisadora e bolsista de pós-doutorado Amanda Souza, da Epamig, destaca que o rigor em todas as etapas — do plantio ao controle industrial — garante o sucesso do azeite mineiro. “A Epamig oferece suporte técnico desde o campo até a elaboração do azeite, garantindo um produto final de excelência sensorial e reconhecimento internacional”, afirma.
Safra desafiadora e investimento em pesquisa
Oscilações climáticas impactaram a produção de azeite na região Sudeste em 2025, com previsão de queda entre 40% e 50% em comparação a 2024. Isso segundo dados da Epamig e da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive). Mesmo diante desse cenário, a Epamig coordena atualmente 11 projetos de pesquisa voltados ao controle de doenças, nutrição mineral, polinização e melhoramento genético, com investimentos que somam R$ 18,3 milhões.
A olivicultura em Minas Gerais segue em expansão, impulsionada por eventos como o Azeitech 2025, promovido pela Epamig. O evento reúne produtores, pesquisadores e entidades do setor para debater práticas agrícolas sustentáveis e agricultura regenerativa. A criação da Câmara Técnica Setorial da Olivicultura de Minas Gerais visa fortalecer políticas públicas e ampliar o desenvolvimento da atividade no estado.
O azeite é produzido a quase 1.800 metros de altitude e elaborado a partir das variedades Koroneiki, Arbosana e Arbequina. Ele tem tanto versões monovarietais quanto blends, é exemplo do potencial mineiro para competir e se destacar no cenário internacional.
“A visita da equipe da Epamig foi um divisor de águas. Seguimos todas as recomendações técnicas e os resultados não poderiam ter sido melhores”, conclui Roner Naves.
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