A conta no açougue anda mais salgada — e a culpa, desta vez, não é só do boi gordo. Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) mostram que a carne subiu de preço porque os frigoríficos estão comprando mais do que o mercado consegue entregar. Ou seja: tem mais gente querendo carne do que boi disponível para abate.
Demanda supera a oferta
Parece simples, e é: quando a procura aumenta e a oferta não acompanha, o preço sobe. Foi o que aconteceu neste começo de inverno. Segundo o Cepea, a demanda firme das indústrias frigoríficas deu um empurrão nos preços da arroba do boi gordo. Na outra ponta, isso acabou chegando ao bolso do consumidor, que já sente o impacto no quilo da carne.
“A gente observa um movimento de firmeza nas compras por parte dos frigoríficos, especialmente aqueles que atendem o mercado interno”, aponta nota do Cepea. E tem mais: com o consumo interno em recuperação, embalado pelo frio e por datas como as festas juninas, o cenário fica ainda mais aquecido.

Menos boi no pasto, mais dor no bolso
Além da demanda, outro fator entra em cena: a questão de campo. Nas últimas semanas, o volume de animais prontos para o abate diminuiu consideravelmente. Por um lado, muitos pecuaristas resolveram segurar o gado, na esperança de conseguir preços melhores. Por outro, esse cenário também é reflexo da entressafra, período em que a pastagem fica mais escassa e o ganho de peso dos animais desacelera. Com isso, a oferta de bois gordos caiu, contribuindo para pressionar ainda mais os preços.
Resultado: o valor da arroba disparou. E quando isso acontece, não demora muito para o consumidor ver o efeito no açougue, especialmente em cortes mais populares, como patinho, acém e músculo.
E o que vem pela frente?
Apesar do aperto no bolso, analistas não esperam uma explosão nos preços. A expectativa é de que, com a oferta se normalizando nas próximas semanas, o mercado volte a um equilíbrio.
Mas até lá, quem quiser carne vermelha vai ter que rebolar: aproveitar promoções, buscar açougues de bairro e até variar o cardápio. A proteína bovina ainda reina nas mesas brasileiras, mas anda exigindo mais criatividade — e paciência.
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