A produção de pinhão tem se destacado como fonte de renda e instrumento de preservação ambiental na Serra da Mantiqueira, especialmente em Delfim Moreira, no Sul de Minas Gerais. O município é um dos principais produtores do estado, com safra estimada em 500 mil quilos em 2024, segundo dados da Emater-MG. A atividade movimenta cerca de R$ 3,5 milhões por ano e envolve aproximadamente mil hectares de araucárias produtivas.
A colheita do pinhão, que ocorre entre abril e julho conforme a Lei Estadual nº 15.915/2022, foi encerrada mais cedo em 2024 devido à queda de 50% na safra, provocada por condições climáticas adversas, como temporais e aumento das temperaturas. Mesmo com a produção reduzida, o preço do quilo do pinhão dobrou, passando de R$ 3 para R$ 6, o que compensou parte das perdas para os produtores. O produto conta ainda com garantia de preço mínimo pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Delfim Moreira investe em ações para fortalecer o setor. Uma parceria entre a prefeitura, Embrapa Florestas e Avon está viabilizando a construção de uma unidade processadora de pinhão. A expectativa é que a nova estrutura permita a oferta de produtos derivados durante todo o ano, ampliando a renda dos agricultores.
Viveiro municipal
O município mantém também um viveiro municipal que distribui mudas de araucária enxertada gratuitamente aos produtores. Mais de 400 novas árvores já foram plantadas com apoio da Emater-MG, que oferece assistência técnica e incentiva o plantio sustentável. A Associação Araucária, formada por produtores locais, realiza eventos como o Festival Gastronômico do Pinhão e promove ações de educação ambiental nas escolas. Para outubro, está previsto um seminário sobre a importância da araucária para a região.

Minas Gerais conta com cerca de dois mil produtores de pinhão, segundo levantamento da Emater-MG. Além de Delfim Moreira, os maiores municípios produtores são Itamonte (1,2 milhão de quilos), Alagoa (700 mil quilos), Baependi (480 mil quilos) e Marmelópolis (475 mil quilos).
O manejo sustentável do pinhão contribui para a preservação da araucária, espécie ameaçada de extinção e símbolo da Mata Atlântica. A valorização do produto e o apoio de políticas públicas têm garantido a continuidade da atividade, aliando desenvolvimento econômico e conservação ambiental.
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