O governo dos Estados Unidos anunciou tarifas sobre produtos brasileiros, o que pode fazer com que o mercado interno absorva parte da produção. E um dos produtos mais afetados por isso deve ser o café, visto que o Brasil é o maior produtor e aos Estados Unidos, o principal comprador.
Com mais produto no mercado interno, já tem gente festejando que o preço do cafezinho vai cair. Mas o preço do café no Brasil deve cair por outros motivos. A indústria nacional prevê queda nos valores a partir de outubro e novembro, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Pavel Cardoso, presidente da Abic, explica que a safra do próximo ano será recorde. Essa produção maior vai recompor os estoques globais, que enfrentam escassez após quatro anos consecutivos de oferta abaixo da demanda. “A queda nos preços não tem relação direta com as tarifas americanas”, afirma.
O café atingiu níveis históricos de inflação no Brasil, impulsionado por fatores climáticos que reduziram a produção mundial. Além disso, a especulação financeira em contratos futuros também elevou os valores.
Maior produtor
O Brasil é o maior produtor mundial de café e exporta cerca de 65% da produção. Os Estados Unidos representam 16% das exportações brasileiras. “Não há produção significativa de café nos EUA”, destaca Cardoso. A Europa, em bloco, é o maior mercado, comprando cerca de 53% do café brasileiro.
No curto prazo, a lógica do mercado indica que, se os compradores estrangeiros diminuírem as compras, os produtores podem redirecionar o estoque para o mercado interno. Com mais de 211 milhões de habitantes, taxa de desemprego em 6,2% e inflação de 5,35% nos últimos 12 meses, o Brasil oferece potencial para absorver esse excedente. Isso poderia pressionar os preços para baixo.
Porém, cada setor da economia tem suas próprias dinâmicas. No caso do café, a queda de preço está mais ligada à oferta recorde do que à tarifa americana.
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