Mesmo com menos carga saindo dos portos, o agro mineiro 2025 surpreendeu e bateu recorde de faturamento. Entre janeiro e junho, o estado arrecadou US$ 9,8 bilhões, crescimento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho consolidou Minas como o terceiro maior exportador do agro brasileiro. O resultado consolidou Minas como terceiro maior exportador do agro brasileiro, atrás apenas de São Paulo e Mato Grosso.
Por outro lado, o volume de produtos enviados lá pra fora caiu. Foram 8,5 milhões de toneladas, o que representa uma retração de 9% frente ao primeiro semestre de 2024. Ou seja, vendeu-se menos, mas por muito mais.
“O agronegócio mineiro apresentou bons resultados, mesmo diante de um cenário internacional desafiador, marcado por tarifações dos EUA, câmbio instável e gargalos logísticos”, afirma Maíra Ferman, assessora técnica da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
De Minas para o mundo
Ao todo, mais de 560 tipos de produtos agropecuários cruzaram fronteiras rumo a 169 países. A China, como de costume, lidera o destino das exportações mineiras, absorvendo 25,4% do total. Em seguida vêm Estados Unidos (12%), Alemanha (8,1%), Itália (5,5%) e Japão (4,6%).
Segundo Ferman, a resiliência mineira foi essencial: “Souberam aproveitar a valorização dos preços e a escassez global em alguns segmentos, especialmente com mercados mais exigentes”.
Café: o ouro preto mineiro
Não dá pra falar de agro em Minas sem citar o café, grande estrela da balança comercial rural. No primeiro semestre, o grão respondeu por impressionantes 56% de toda a receita do agro mineiro, com faturamento de US$ 5,5 bilhões — uma disparada de 61% em relação ao ano anterior.
Por outro lado, o volume exportado recuou: foram 13,7 milhões de sacas, o que representa queda de 8,8% na comparação com 2024. Ainda assim, o desempenho foi positivo. A explicação está nos preços em alta, impulsionados por uma oferta global reduzida e, ao mesmo tempo, pelo maior apetite de mercados tradicionais, como EUA, Alemanha, Itália, Japão e Bélgica.
Carnes em alta, com destaque pra bovina
O setor de carnes também deu as caras no pódio. Juntas, as carnes bovina, suína e de frango somaram US$ 831,6 milhões, com aumento de 16,8% no valor e 4,5% no volume exportado, que atingiu 238,6 mil toneladas.
A carne bovina, claro, puxou a fila com força. O bom desempenho tem sido impulsionado por mercados mais abertos e câmbio favorável.
Cana amarga
Se por um lado o café adoçou a balança, o setor sucroalcooleiro trouxe um gosto mais amargo. A receita caiu 29,3%, fechando o semestre com US$ 714,4 milhões, mesmo com 1,6 milhão de toneladas exportadas. O setor vem sentindo o baque da concorrência internacional e da oscilação nos preços do açúcar e do etanol.
Florestais em retração
Os produtos florestais também perderam força. As exportações somaram US$ 528 milhões, com recuo de 9%. Em termos de volume, foram 848 mil toneladas, resultado abaixo das expectativas diante da desaceleração do mercado externo.
Soja tropeça no caminho
O complexo soja, que engloba grãos, óleo e farelo, também enfrentou um semestre morno. No total, o faturamento chegou a US$ 1,91 bilhão, o que representa uma queda de 16,4% no valor e de 7,5% no volume, que fechou em 4,8 milhões de toneladas.
Esse desempenho fraco, entretanto, tem explicações claras. O setor sentiu o baque da safra recorde no Brasil, que elevou a oferta interna e, consequentemente, reduziu os preços no mercado internacional. Além disso, houve um esfriamento da demanda chinesa nos primeiros meses do ano, o que contribuiu para ampliar ainda mais a pressão sobre os preços e os embarques.
Minas Gerais, com seus vales férteis e serras perfumadas de café, mostrou mais uma vez que sabe dançar conforme a música do mercado global, mesmo quando a partitura desafina. E se depender da estratégia e da tradição mineira, o agro local deve continuar firme no compasso da exportação.
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