Um avanço tecnológico desenvolvido na Austrália está redefinindo o futuro das azeitonas de mesa. Pesquisadores criaram um processo inédito que não apenas acelera a produção, mas também resulta em azeitonas com sabores frutados inovadores – descritos como tendo notas de maracujá, frutas vermelhas e até doces de musk.
Diferente das técnicas tradicionais (como as usadas nas azeitonas espanholas, gregas ou californianas), que dependem de fermentação longa e uso intensivo de água, o sistema australiano:
- Elimina o amargor em 5 meses (metade do tempo convencional)
- Reutiliza a salmoura em circuito fechado, reduzindo desperdício hídrico
- Permite colheita mecanizada, cortando custos com mão de obra
- Preserva compostos naturais, resultando em sabores mais frescos e complexos
“Estamos criando azeitonas que lembram um vinho fino, com camadas de sabor que surpreendem até os críticos mais exigentes”, explica o professor John Fielke, da Universidade da Austrália do Sul, inventor do processo patenteado chamado “Olives the Australian Way”.
Impacto na indústria e sustentabilidade
Com apenas 3.000 toneladas produzidas anualmente, a Austrália importa a maioria das azeitonas de mesa que consome. Essa tecnologia pode mudar o jogo:
- Redução de 60% no uso de água
- Corte de 80% nos custos com mão de obra
- Menor desperdício (azeitonas danificadas não estragam na salmoura)
“Passamos de considerar abandonar o cultivo para planejar expansão”, revela George Kratopoulos, produtor que testou o método. Antes dependente de 20 trabalhadores para colheita manual, agora opera com máquinas.
Desafios e oportunidades globais
Apesar do potencial, o setor enfrenta obstáculos:
- Falta de pomares – Necessidade de plantar mais 200.000 árvores
- Investimento em infraestrutura – Fábricas automatizadas em larga escala
“Esta é nossa chance de colocar a Austrália no mapa gourmet das azeitonas”, afirma Richard Seymour, da Mount Zero Olives, early adopter da tecnologia.
Se implementado em escala, o método pode multiplicar por 30 a produção australiana até 2038, atingindo 100.000 toneladas/ano – potencialmente exportando não só azeitonas, mas a tecnologia em si.
A inovação representa uma rara combinação de sustentabilidade, redução de custos e diferenciação de mercado. Enquanto isso, consumidores podem em breve encontrar azeitonas com perfis de sabor radicalmente novos nas prateleiras.
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