Resumo da notícia
- O Mangalitsa, porco húngaro com pelo encaracolado, quase extinto no século XX, ganha renascimento graças a chefs e consumidores que valorizam carne premium e produção sustentável.
- Sua carne é rica em gordura intramuscular, comparada ao Wagyu suíno, ideal para presuntos e salames, com sabor e textura que rivalizam com o porco ibérico.
- Adaptado a sistemas extensivos, o Mangalitsa cresce lentamente, é resistente a doenças e oferece uma criação sustentável, alimentado com pasto, bolotas e grãos.
- Apesar do custo elevado e baixa produtividade, a raça se destaca em nichos gourmet e projetos agroecológicos, com crescimento em mercados dos EUA, Europa e Brasil.
Resumo gerado pela redação.
Originário da Hungria, o Mangalitsa é um porco que chama a atenção não só pela aparência — com seu pelo encaracolado que lembra uma ovelha — mas também pela qualidade excepcional de sua carne. Quase extinto no século XX, esse animal resistente e raro vive um renascimento graças ao interesse de chefs e consumidores que buscam sabores autênticos e produção sustentável.
Criado no século XIX a partir do cruzamento de raças húngaras (Bakonyi e Szalontai) com o porco sérvio Šumadija, o Mangalitsa foi durante décadas o principal suíno da Hungria, com populações que chegaram a 30 mil animais em 1943. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, a demanda por carnes magras e a industrialização da pecuária quase o levaram ao desaparecimento. Nos anos 1990, restavam apenas 200 exemplares no país.
O salvador da raça foi um produtor espanhol de presuntos ibéricos, Juan Vicente Olmos, que viu no Mangalitsa um potencial similar ao do porco ibérico. Sua intervenção garantiu a preservação da linhagem, hoje presente também em países como Áustria, EUA e Brasil.
Características únicas
Pelagem: o Mangalitsa possui três variedades de cores: loira (a mais comum), vermelha e “andorinha” (preto e branco). Seu pelo denso o protege do frio, variando de encaracolado no inverno a liso no verão.

Carne Premium: com alto teor de gordura intramuscular (65–70%), sua carne é comparada ao Wagyu suíno, marmorizada e rica em ômega-3. Ideal para curados como presuntos e salames, rivaliza com o ibérico em sabor e textura.
Criação Sustentável: adaptado a sistemas extensivos, o Mangalitsa é alimentado com pasto, bolotas e grãos, sem exigir confinamento intensivo. Seu crescimento lento (12–24 meses para abate) resulta em carne mais saborosa.
Renascimento gastronômico
Nos últimos anos, chefs renomados nos EUA e Europa redescobriram o Mangalitsa, destacando-o em pratos premium. Em Chicago, por exemplo, restaurantes como o Blackbird e o Vie promovem jantares especiais com cortes desse porco, celebrados por sua gordura “cremosa” e versatilidade.
No Brasil, ainda é uma raça rara, mas já há criadores no Sul e Sudeste, atraídos pelo nicho de mercado que valoriza produtos artesanais e sustentáveis.
Apesar do sucesso recente, o Mangalitsa enfrenta obstáculos:
- Baixa produtividade: fêmeas têm apenas 4–8 leitões por ninhada, contra 12–14 em raças comerciais.
- Custo elevado: um exemplar pode custar até €1.200 (R$ 6.500), cinco vezes mais que um porco convencional.
Mesmo assim, sua resistência a doenças e adaptação a climas adversos o tornam uma opção viável para agricultura familiar e projetos agroecológicos.

O Mangalitsa é mais que uma curiosidade genética, mas sim, um símbolo de como tradição e gourmetização podem resgatar espécies ameaçadas. Com investimento em divulgação e acesso a mercados premium, essa raça tem potencial para se consolidar como uma alternativa sustentável e lucrativa na suinocultura mundial.
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