Pesquisadores da Esalq/USP criaram o primeiro mapa global de solos com resolução de 90 metros. O trabalho reuniu imagens de satélite e dados coletados em campo. O estudo, publicado na revista The Innovation, levou seis anos para ser concluído. Mais de 50 cientistas de vários países participaram da pesquisa. A coordenação ficou com os professores José Alexandre Demattê e Raul Roberto Poppiel. Estudantes e pesquisadores do grupo GeoCiS da Esalq/USP também colaboraram.

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Destaques dos mapa global de solos

O levantamento mostra que 64% da superfície terrestre tem solos arenosos. Ou seja, esses solos são menos favoráveis ao uso agrícola intensivo. Segundo Demattê, solos arenosos exigem manejo com conhecimento detalhado da mineralogia e da dinâmica da água. Muitas regiões ainda carecem desses estudos.

A pesquisa apontou que áreas agrícolas têm pH até 1,6 unidades maior que áreas de vegetação nativa. O aumento está ligado ao uso contínuo de fertilizantes e corretivos. Esses insumos ajudam na produtividade, mas o uso excessivo altera o equilíbrio químico e biológico do solo. Os impactos podem se acumular ao longo do tempo.

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Armazenamento de carbono

Arte: divulgação – ESALQ/USP

O estudo também destaca o papel do solo no armazenamento de carbono. Solos sob vegetação nativa guardam 54% do carbono orgânico global. Em contrapartida, em áreas agrícolas, o estoque médio de carbono é 60% menor. Poppiel afirma que preservar esse carbono é essencial para enfrentar as mudanças climáticas.

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Quando a matéria orgânica se perde, o solo perde fertilidade, biodiversidade e capacidade de reter água. Isso compromete a regulação climática. Portanto, os autores indicam práticas como plantio direto, culturas de cobertura e sistemas agroflorestais. Ou seja, essas ações ajudam a recompor a matéria orgânica e aumentar o carbono no solo.

O estudo revelou relação entre carbono estocado e desenvolvimento econômico. Em geral, as dez maiores economias concentram 75% do carbono dos solos agrícolas globais.

Países em desenvolvimento apresentam estoques menores, segundo os dados. Para Poppiel, isso abre espaço para políticas de incentivo à conservação e regeneração. Além disso, ele destaca que o mercado de créditos de carbono pode estimular a preservação dos solos e aumentar os estoques globais.