Os Estados Unidos podem enfrentar desabastecimento de café se mantiverem as tarifas de 50% sobre o produto brasileiro. O alerta vem da Associação Nacional do Café dos EUA, que enviou uma carta ao governo americano pedindo a suspensão das taxas.
William Murray, CEO da entidade, afirmou que o Brasil fornece até 40% do café consumido no país. Sem essas importações, a indústria local pode sofrer com falta de matéria-prima e perda de competitividade.
O café movimenta US$ 350 bilhões por ano nos EUA e sustenta 2,2 milhões de empregos. Dois em cada três adultos americanos consomem a bebida diariamente. Como o país importa mais de 99% do café que consome, as tarifas podem elevar custos e reduzir o abastecimento.
Murray destacou que o Brasil não pratica comércio desleal no setor. “O café é um produto essencial, com produção mínima nos EUA”, disse. A taxação, segundo ele, pode beneficiar concorrentes como a China, que já amplia compras do Brasil.
Pressão política e disputa comercial
As tarifas entraram em vigor no dia 6 de junho por decisão do governo Trump, que excluiu outros produtos brasileiros, como suco de laranja e aviões. O café, porém, segue taxado.
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A Casa Branca alega que há fornecedores alternativos, mas a associação rebate: interromper as importações do Brasil prejudicaria toda a cadeia produtiva americana. Enquanto isso, o governo brasileiro busca novos mercados, como a China, onde 180 exportadores já estão habilitados.
Fenômeno da inversão tarifária preocupa
Murray citou outro risco: a “inversão tarifária”, quando a taxa sobre a matéria-prima (café verde) é maior que a sobre o produto final (café torrado). Isso poderia incentivar torrefadores estrangeiros a comprar café brasileiro barato e vender a preços mais baixos nos EUA, sufocando a indústria local.
O tema integra uma investigação mais ampla do governo americano sobre práticas comerciais do Brasil, que inclui setores como etanol, big techs e o Pix. Enquanto não houver acordo, o risco de faltas e preços altos no café americano permanece.
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