Resumo da notícia
- A família Batista adquiriu por US$ 27 milhões a mina de potássio Taquari-Vassouras, único ativo em operação no Brasil, consolidando sua entrada estratégica no setor de fertilizantes.
- O potássio é essencial para a agricultura brasileira, representando 38% dos nutrientes aplicados, mas o país depende 96% da importação desse insumo, o que gera vulnerabilidades no agronegócio.
- A VL Mineração, controlada pelos Batista, assumiu também US$ 22 milhões em obrigações ambientais e trabalhistas, além do desafio de investir mais de US$ 25 milhões para manter e ampliar a produção.
- A aquisição reforça a diversificação do grupo, que já atua em carnes, mineração de ferro e fertilizantes organominerais, buscando reduzir a dependência externa e ampliar sua presença em setores estratégicos.
Resumo gerado pela redação.
A família Batista oficializou sua entrada no estratégico setor de fertilizantes ao adquirir por US$ 27 milhões (R$ 146 milhões) a mina de potássio Taquari-Vassouras, localizada em Rosário do Catete, Sergipe. A VL Mineração, controlada por Valere Batista Mendonça Ramos, irmã de Joesley e Wesley Batista, fechou acordo para comprar por US$ 27 milhões (R$ 146 milhões) a mina de potássio Taquari-Vassouras, em Sergipe, único ativo do tipo em operação no Brasil.
A transação com a multinacional norte-americana Mosaic Company garante ao clã o controle do único ativo do tipo em operação no país, consolidando a agressiva estratégia de diversificação da família que já domina a gigante JBS e expandiu recentemente para mineração de ferro e siderurgia com investimentos na Usiminas.
Em 2024, o complexo produziu 398 mil toneladas de cloreto de potássio. A Mosaic informou que as operações demandariam investimentos superiores a US$ 25 milhões para garantir continuidade, devido ao estado de exaustão das reservas minerais.
A nova controladora, VL Mineração, assume também US$ 22 milhões em obrigações ambientais e trabalhistas, além dos desafios técnicos para ampliar a produção do ativo. O negócio representa uma aposta na otimização de um recurso estratégico em momento de alta dependência externa.
A importância estratégica do potássio para o agronegócio
O potássio configura-se como elemento fundamental para a agricultura brasileira. O principal nutriente aplicado no Brasil é o potássio, com 38%, seguido por fósforo, com 33%, e nitrogênio, com 29%. Este mineral desempenha papel essencial no desenvolvimento vegetal, atuando na regulação hídrica das plantas, ativação enzimática e transporte de nutrientes.
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O potássio é um dos elementos básicos na produção de fertilizantes NPK (compostos de Nitrogênio, Fósforo e Potássio). Os minerais potássicos são considerados estratégicos no cenário brasileiro que, infelizmente, apresenta uma alta dependência externa.
Dependência externa crítica
O Brasil enfrenta dependência crítica na importação de fertilizantes potássicos. E no caso específico do potássio, crucial em todas as culturas agrícolas, a dependência do insumo importado chega a 96%. Esta vulnerabilidade expõe o agronegócio nacional a flutuações geopolíticas e cambiais que impactam diretamente os custos de produção.
Quase 23% das importações são provenientes da Rússia, incluindo metade do potássio consumido nacionalmente. A concentração de fornecedores aumenta os riscos estratégicos para a segurança alimentar nacional.
Estratégia de diversificação dos Batista
A aquisição representa mais um movimento na expansão do império familiar para setores vitais da economia. A família já atua na produção de fertilizantes organominerais através da Campo Forte Fertilizantes, localizada em Guaiçara (SP), criando sinergia com o novo ativo mineral.
O investimento alinha-se com a estratégia governamental de redução da dependência externa. O PNF buscará readequar o equilíbrio entre a produção nacional e a importação ao atender sua crescente demanda por produtos e tecnologias de fertilizantes. Pretende-se diminuir a dependência de importações, em 2050, de 85% para 45%, mesmo que dobre a demanda por fertilizantes.
Potencial de reservas nacionais
Pesquisas indicam que o Brasil possui reservas significativas para suprir a demanda nacional. Segundo o professor Raoni Rajão, do departamento de Engenharia de Produção da UFMG, dois terços das reservas se concentram nos estados de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais.
A expectativa é que a nova gestão desenvolva tecnologias para otimizar a extração e explore alternativas para ampliar a vida útil da mina, contribuindo para a redução da vulnerabilidade estratégica do agronegócio brasileiro no fornecimento deste insumo essencial.
A transação sinaliza maior interesse de grupos nacionais em ativos estratégicos para a agricultura, setor que responde por parcela significativa do PIB brasileiro. O controle nacional da única mina em operação pode representar maior estabilidade de fornecimento e potencial redução de custos para produtores rurais.
A expertise da família Batista em gestão de negócios complexos e integração vertical, demonstrada na construção do império da JBS, sugere potencial para otimização operacional e expansão da capacidade produtiva do ativo mineral.
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