Resumo da notícia
- Uma câmera de trilha na Estação Experimental da Epagri em Itajaí registrou 101 espécies de aves e nove de mamíferos da Mata Atlântica, revelando a vida secreta dos animais locais.
- O uso do aplicativo Merlin Bird ID facilitou a identificação das aves, ampliando o catálogo e envolvendo um grupo de 263 observadores em Santa Catarina.
- A observação de aves é vista como uma terapia ao ar livre, promovendo saúde física, mental e conexão social, especialmente nos meses de outono e inverno.
- Os registros feitos pelos observadores contribuem para a ciência cidadã, alimentando plataformas como Wikiaves e auxiliando pesquisas ornitológicas.
Uma câmera de trilha escondida revela a vida secreta dos animais silvestres na Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI). O engenheiro-agrônomo Ricardo Negreiros lidera um projeto de observação que já catalogou 101 espécies de aves e nove espécies de mamíferos nativos da Mata Atlântica.
A iniciativa começou como um hobby. Negreiros usou uma câmera com iscas de banana para filmar os animais em seu habitat natural. A estratégia deu certo. Em apenas 30 horas de gravação, a câmera flagrou espécies como lontra, cachorro-do-mato, capivara, tatu e gambá.
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“Segui o odor característico de urina da lontra para encontrar o local perfeito, à beira de um afluente do Rio Itajaí-Mirim”, contou o pesquisador.
Tecnologia impulsiona descobertas
O salto no projeto veio com a tecnologia. Em 2022, Ricardo descobriu o aplicativo Merlin Bird ID. A ferramenta identifica aves pelo canto ou por uma foto. Ele testou o método primeiro no sítio da família, em São João do Itaperiú, onde catalogou 90 espécies.
Para ampliar o trabalho, o agrônomo se juntou a um grupo de observadores de aves de Santa Catarina no WhatsApp. O grupo, criado pelo biólogo Cristiano Voitina, reúne 263 pessoas. Eles trocam informações sobre avistamentos e eventos como o Avistar Brasil, realizado na USP.
Observação de aves é terapia ao ar livre
Ricardo defende a prática como uma terapia. “Ela traz benefícios claros para a saúde física e mental. Aproxima as pessoas da natureza e ainda amplia o círculo social”, disse.
A observação requer apenas um binóculo e disposição para madrugar. O melhor período para a atividade é outono e inverno. Na primavera e verão, as aves estão em fase de nidificação e precisam de mais sossego.
Os observadores também alimentam plataformas colaborativas. O site Wikiaves possui um banco de dados com mais de cinco milhões de registros no mundo. Ricardo já contribuiu com 95 imagens e localizações de aves no Brasil e na América Latina.
“Esses registros são uma forma de ciência cidadã. Os dados ajudam ornitólogos em seus estudos”, explicou.
Como participar
Interessados em observar aves podem entrar em contato com o grupo de SC pelo telefone (47) 9953-9049. Outra opção é participar do 1° Concurso Fotográfico COA Joinville – Aves em Foco. As inscrições vão até 15 de setembro. Informações estão no perfil @coajoinville no Instagram.
A exposição com as fotos e animais identificados por Ricardo está aberta ao público no bloco de pesquisa da Epagri Itajaí.