Resumo da notícia
- O preço da carne bovina nos EUA atingiu níveis históricos devido a secas, custos altos de ração e tarifas sobre importações brasileiras, tornando a proteína um luxo para o consumidor americano.
- As exportações brasileiras para os EUA caíram quase 80% em quatro meses por tarifas de até 50%, forçando frigoríficos a buscar novos mercados como a China.
- O Federal Reserve enfrenta pressão para manter juros elevados, pois o aumento nos preços da carne contribui para a inflação persistente nos EUA.
- No Brasil, a redução das exportações pode gerar sobra de carne e margens apertadas para produtores, enquanto o governo tenta equilibrar preços internos e proteger o setor.
A carne bovina nos Estados Unidos virou um luxo cada vez mais caro. O preço da proteína subiu a patamares históricos, impulsionado por secas prolongadas, custos elevados de ração e tarifas sobre importações brasileiras. Assim, o movimento incomoda o consumidor americano e, ao mesmo tempo, coloca pressão extra sobre o Federal Reserve (Fed), que resiste a cortar juros cedo demais.
Carne inflada e mesa mais vazia
Nos supermercados americanos, o quilo da carne moída bateu US$ 13,48 (cerca de R$ 74,14), enquanto cortes nobres ultrapassaram os US$ 25 (aproximadamente R$ 137,50). Desse modo, cada churrasco de domingo parece custar um pedaço da inflação. Além disso, analistas afirmam que o cenário deve se prolongar: o rebanho dos EUA está no menor nível desde 1951 e, portanto, a recomposição pode levar anos.
Enquanto isso, a carne brasileira — historicamente mais competitiva — enfrenta barreiras adicionais. A tarifa imposta por Washington, que chega a 50%, praticamente fechou a porta para os frigoríficos do Brasil. Como consequência, as exportações despencaram quase 80% em apenas quatro meses.
O Fed no fogo cruzado
O Fed, que já atua num cabo de guerra contra a inflação, agora vê a carne como mais um ingrediente indesejado no caldeirão de preços. Em ata recente, a autoridade monetária foi taxativa: “Os efeitos das tarifas sobre os preços ao consumidor estão agora claramente visíveis”.
Na prática, isso significa que a taxa básica de juros, hoje entre 4,25% e 4,50%, pode continuar firme por mais tempo. Afinal, cortar cedo demais seria como apagar a churrasqueira enquanto a carne ainda está crua.
Reflexos no Brasil
E o Brasil nessa história? A queda nas vendas para os EUA cria sobra de carne no mercado interno. Sendo assim, num primeiro momento, isso até pode segurar preços por aqui. Entretanto, como tudo no agronegócio funciona em cadeia, o jogo é de xadrez: os frigoríficos buscam outros destinos, sobretudo a China, e o consumidor brasileiro pode não sentir tanto alívio.
Para os pecuaristas, o risco é de margens mais apertadas. Já para o governo, fica a missão de equilibrar a balança entre proteger produtores e evitar alta nos preços domésticos.
O fio da navalha
Ou seja, a carne mais cara nos EUA simboliza um mundo econômico que perdeu o tempero da previsibilidade. Se o churrasco americano custa caro, o brasileiro pode, em breve, acabar pagando a conta.
📌 Box Informativo — Carne mais cara nos EUA
Por que a carne subiu nos Estados Unidos?
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Rebanho bovino no menor nível desde 1951
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Secas prolongadas em estados produtores
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Custos elevados de ração e insumos
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Tarifas adicionais sobre carne brasileira
Preços atuais no varejo americano
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Carne moída: US$ 13,48/kg (+12% em 12 meses)
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Bifes: US$ 25/kg (+8%)
Impactos no Brasil
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Exportações para os EUA caíram 80% entre abril e julho
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Frigoríficos buscam compensar perdas em mercados como a China
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Possível sobra de carne no mercado interno pode segurar preços ao consumidor
O que diz o Fed
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“Os efeitos das tarifas sobre os preços ao consumidor estão agora claramente visíveis”
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Juros seguem entre 4,25% e 4,50% ao ano
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Expectativa de manutenção por mais tempo para conter a inflação