Resumo da notícia
- Comunidades rurais de Formosa e São João d'Aliança receberam estações meteorológicas para coletar dados climáticos que auxiliam no manejo da irrigação em cultivos de maracujá e manga, otimizando recursos hídricos e energéticos.
- O projeto Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã atende 48 propriedades com kits de irrigação e espaldeiras, usando o aplicativo "Irrigar para Desenvolver (ID)" que orienta produtores sobre a irrigação ideal para aumentar produtividade e economizar água.
- Iniciativa de 2023 voltada para famílias assentadas de reforma agrária envolve parcerias entre Embrapa Cerrados, Seapa/GO, Codevasf, Emater e prefeituras, com capacitação técnica e minicursos online para fortalecer a agricultura familiar local.
- Flores de Goiás já colhe a segunda safra de maracujá e usa a tecnologia; em Formosa, a estação meteorológica foi entregue em agosto com grande expectativa, promovendo maior união e melhoria na qualidade de vida das comunidades rurais.
Comunidades rurais de Formosa e São João d’Aliança, no nordeste goiano, receberam estações meteorológicas em agosto para coletar dados climáticos locais. A tecnologia facilita o manejo da irrigação nos cultivos de maracujá e manga em assentamentos rurais atendidos pelo projeto Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã.
O projeto contempla 41 propriedades em Formosa e sete em São João d’Aliança. Técnicos instalam kits de irrigação e espaldeiras nas áreas selecionadas. Os dados climáticos alimentam o aplicativo “Irrigar para Desenvolver (ID)”, desenvolvido especificamente para auxiliar os agricultores.
O aplicativo fornece informações diárias sobre o momento ideal e a quantidade correta de água para aplicar nos cultivos. “O objetivo é que os produtores economizem água e energia e aumentem a produtividade”, explica Lineu Rodrigues, pesquisador da Embrapa Cerrados e coordenador do projeto.
Tecnologia a serviço da agricultura familiar
As estações meteorológicas medem temperatura, chuvas e evapotranspiração em tempo real. Essas informações permitem um manejo preciso da irrigação, otimizando o uso de recursos hídricos e energéticos.
Inicialmente, apenas participantes do projeto acessam o aplicativo. As secretarias municipais de agricultura fazem o cadastramento dos produtores beneficiados.
Projeto nasceu em 2023 com foco na reforma agrária
A iniciativa começou em 2023 para viabilizar a produção irrigada de frutas por famílias assentadas de reforma agrária. Flores de Goiás, Formosa e São João d’Aliança participam do programa no nordeste goiano.
A Embrapa Cerrados (DF) contribui tecnicamente, enquanto a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa/GO) lidera as ações. Codevasf, Emater Goiás, Senar/GO e prefeituras locais integram a parceria.
Flores de Goiás iniciou o projeto com 10 famílias que já colhem a segunda safra de maracujá. Os produtores aguardam a primeira produção de manga. Em março de 2024, o município recebeu sua estação meteorológica e os agricultores já utilizam o aplicativo ID.
Conhecimento como principal legado
“Quando você aprende a trabalhar com maracujá e manga, ninguém vai lhe tirar isso”, destaca Fábio Faleiro, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados. Ele ressalta a união da população local em torno da iniciativa.
Faleiro acredita que a fruticultura irrigada melhora a qualidade de vida dos produtores rurais. “Quando isso acontece, toda a comunidade melhora também”, completa.
A Embrapa oferece capacitação presencial para agricultores e técnicos locais. A instituição também disponibiliza minicursos online gratuitos sobre maracujá e manga na plataforma e-Campo.
Formosa recebe equipamento com expectativa elevada
No dia 11 de agosto, autoridades entregaram a estação meteorológica de Formosa na Escola Municipal Fazenda Palmeira. A prefeita Simone Ribeiro participou do evento junto com agricultores e a comunidade local.
“Estamos inaugurando um equipamento que traz informação e capta diretamente a necessidade de cada produtor rural, que há muito tempo foi esquecido”, declarou a prefeita.
O município abriga 29 assentamentos de reforma agrária e crédito fundiário com cerca de 2,5 mil famílias. Suzana Borgmann, secretária municipal de Agricultura, explica que alguns produtores já cultivam maracujá, mas a manga chega como novidade.
Os agricultores formosenses demonstram expectativa elevada com o projeto. Uma cooperativa será criada para apoiar a comercialização das frutas. Em Flores de Goiás, constroem uma agroindústria para beneficiar a produção dos três municípios.
São João d’Aliança aposta em programas públicos
A estação de São João d’Aliança foi instalada no Projeto de Assentamento (PA) Mingau e entregue no dia 18. O prefeito Genivan Gonçalves destaca as perspectivas para os produtores locais.
“Essa estação proporciona uma produção voltada ao aumento da produtividade, com menor gasto de água. Os agricultores vão aumentar a produção e comercializar os produtos agrícolas”, afirma.
O município planeja apoiar a comercialização através de programas públicos como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
A vereadora Lilian Ferreira reforça a importância da iniciativa: “A estação vai agregar muitos benefícios para os produtores do município e incentivar a agricultura familiar, que coloca comida nas nossas mesas”.
Assentados demonstram otimismo com nova atividade
Em Formosa, os agricultores já encomendam mudas enquanto as espaldeiras e kits de irrigação são instalados. Edim Alves de Abreu, do PA Fartura, cria bovinos de corte e busca diversificar a renda.
“Temos uma grande esperança de produzir bem, pagar dívidas e trabalhar com seriedade”, declara, mesmo sem experiência em fruticultura.
José Cardoso de Sousa, também do PA Fartura, acredita que o projeto agregará valor às propriedades. “Vai melhorar a vida de todos nós e gerar empregos para vizinhos e amigos”, aposta.
Em São João d’Aliança, Welton Ferreira destaca o exemplo de Flores de Goiás: “Vimos os resultados das colheitas, que o projeto é muito bom e despertou no coração o desejo de seguir esse caminho”.
Joaquim de Moura Filho, nascido no município, celebra os parceiros envolvidos: “Temos tecnologia avançada da Embrapa, prefeitura abraçando nossa causa e governos federal e estadual como parceiros. Agora vou me tornar um empreendedor”.
O projeto representa uma oportunidade de transformação para as comunidades rurais do nordeste goiano. Com tecnologia, capacitação e parcerias sólidas, os agricultores assentados vislumbram um futuro mais próspero na fruticultura irrigada.