Imagem: Shuting Liu et al. - 10.1016/j.matt.2025.102370

Pesquisadores da Universidade Agrícola do Sul da China desenvolveram um método inovador que faz suculentas brilharem intensamente no escuro. A técnica utiliza partículas fosforescentes, é barata e pode ser a chave para sistemas de iluminação urbana baseados em plantas no futuro.

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O estudo, publicado na revista Matter, descreve um processo simples de injeção de micropartículas de aluminato de estrôncio, um material presente em brinquedos que brilham no escuro, nos tecidos das folhas. Esse material absorve luz natural ou artificial e a libera gradualmente por meio de fosfrescência, criando um efeito luminoso intenso e multicolor.

Como funciona a tecnologia das plantas brilhantes

A grande inovação da equipe liderada pela pesquisadora Shuting Liu foi encontrar o tamanho ideal das partículas: aproximadamente 7 micrômetros, equivalente à largura de um glóbulo vermelho humano. Partículas menores se espalham bem, mas produzem brilho fraco. Partículas maiores brilham muito, mas não penetram adequadamente nos tecidos vegetais.

Após alguns minutos de exposição à luz solar ou de LED, as suculentas tratadas emitem luz com intensidade semelhante à de uma vela. O brilho permanece visível por até duas horas e pode ser recarregado diariamente. O custo de produção por planta é de cerca de R$ 8.

Brilho multicolorido e aplicações práticas

Diferentemente de técnicas anteriores de engenharia genética – que produziam apenas luz verde e de baixa intensidade –, esse novo método gera cores variadas. Usando diferentes tipos de fósforo, os cientistas criaram suculentas que brilham em verde, azul, vermelho e até laranja.

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Imagem: Shuting Liu et al. – 10.1016/j.matt.2025.102370

Em um experimento, a equipe construiu uma parede com 56 suculentas luminescentes. O conjunto emitia luz suficiente para iluminar objetos próximos e permitir a leitura de textos no escuro, demonstrando potencial para uso em iluminação ambiente de baixa intensidade.

Desafios e próximos passos da pesquisa

Apesar do entusiasmo, a técnica ainda enfrenta desafios. O brilho diminui após algumas horas. E cada folha precisa ser injetada individualmente. Isso inviabiliza uma aplicação em larga escala no momento. Além disso, os impactos de longo prazo das partículas sintéticas na saúde das plantas e no meio ambiente ainda são desconhecidos.

Os pesquisadores também precisam descobrir como aplicar o método em outras espécies além das suculentas, que se mostraram ideais devido aos seus canais internos estreitos e uniformes.

Os cientistas pensam em um futuro onde a iluminação pública seja feita por árvores brilhantes. E com isso, reduzir o consumo de energia elétrica. “Imagine o mundo de Avatar, onde plantas brilhantes iluminam um ecossistema inteiro”, disse Shuting Liu, principal autora do estudo.

Aplicações estéticas imediatas também são promissoras. Pequenas suculentas poderiam funcionar como luminárias ecológicas em jardins, caminhos e decoração de interiores, agregando funcionalidade e charme aos lares.