Relação de troca para a safra 25/26 é a pior desde a guerra na Ucrânia
plantação de batatas
Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa

O Brasil inicia o plantio da safra de soja 2025/26 enfrentando um dos cenários mais desafiadores dos últimos anos no mercado de fertilizantes. A relação de troca, um indicador que mede quantas sacas de soja são necessárias para comprar uma tonelada de fertilizante, atingiu níveis extremamente desfavoráveis, similares aos observados em 2022, no auge da Guerra entre Rússia e Ucrânia. A informação é de análise da StoneX, empresa global de serviços financeiros.

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De acordo com Tomás Pernías, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a conjuntura atual pressiona fortemente as margens dos agricultores e coloca em dificuldade produtores que não possuem um bom gerenciamento de custos e de risco.

Fosfatados (MAP) registram pior relação da história

O problema é particularmente grave no mercado de MAP (fosfatado). Pernías explica que 2025 tem sido um ano de oferta global apertada, com disputa acirrada entre compradores. Os preços permaneceram elevados e, somados às cotações enfraquecidas da soja, resultaram em algumas das piores relações de troca já registradas.

“Em momentos críticos, o produtor precisou de ao menos 30 sacas de soja para adquirir uma tonelada de MAP. Esse quadro levou importadores brasileiros a buscar alternativas à base de fósforo menos concentrado, que por vezes ofereceram um melhor custo-benefício”, destacou o analista.

No mercado da ureia, a volatilidade prevaleceu ao longo de 2025. As restrições de exportação impostas pela China, grande fornecedora global, reduziram a oferta disponível. Paralelamente, a Índia, forte importadora, manteve compras ativas devido a monções favoráveis, sustentando os preços internacionais e sem trazer vantagens consistentes para os compradores brasileiros.

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Sinais de alívio chegam tarde para a safra

Nos últimos dias, o mercado internacional começou a dar sinais de alívio, com a China anunciando a retomada parcial das exportações e a demanda mostrando resistência a preços mais altos, o que gerou quedas recentes.

No entanto, o alívio pode chegar tarde para o produtor brasileiro. “Como parte importante das compras para a próxima safra já foi concluída, os custos elevados registrados ao longo do ano deverão ser absorvidos pelo setor na temporada que se inicia”, concluiu Pernías.

A recomendação para os produtores é redobrar a atenção à gestão de risco e à eficiência operacional para mitigar os impactos deste cenário desfavorável.