Resumo da notícia
- O agronegócio representa quase 25% do PIB do Brasil, com mais de 80% das propriedades rurais administradas por famílias, mas apenas 30% chegam à segunda geração e menos de 5% à terceira, evidenciando desafios na sucessão.
- A agricultura familiar responde por 23% do valor bruto da produção agropecuária, gera 67% dos empregos no campo, contribui com 40% da renda ativa e sustenta a economia de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes.
- A sucessão no agronegócio exige planejamento legal, financeiro e tributário para evitar conflitos familiares, perda de patrimônio e interrupção das atividades, destacando a importância da gestão profissional e preparo antecipado.
- Contadores e especialistas têm papel crucial na orientação tributária, análise financeira e profissionalização da gestão, contribuindo para a continuidade dos negócios e redução de riscos na transferência das propriedades familiares.
O agronegócio é responsável por quase 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e tem um DNA predominantemente familiar: mais de 80% das propriedades rurais são administradas por famílias. No entanto, a longevidade desses negócios ainda é um desafio: apenas 30% chegam à segunda geração e menos de 5% resistem até a terceira.
O Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023, publicado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), reforça a relevância do setor. Segundo o levantamento, a agricultura familiar responde por 23% do valor bruto da produção agropecuária nacional. Também gera 67% das ocupações no campo e posiciona o Brasil como o oitavo maior produtor de alimentos do mundo. Além disso, contribui com 40% da renda da população economicamente ativa. E impulsiona a economia de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes, que representam 68% do total.
O índice de mortalidade das empresas rurais entre gerações chama a atenção para a necessidade de planejamento sucessório e de ferramentas de gestão que assegurem a continuidade das atividades. A sucessão no agronegócio envolve aspectos legais, financeiros e tributários. E a falta de preparo pode resultar em conflitos familiares, perda de patrimônio e até paralisação das operações.
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De acordo com Luiz Felipe de Carvalho Teixeira, CEO da contabilidade LF Accounting Services, o tema deve ser tratado como um processo permanente. “A sucessão familiar no agronegócio não é apenas uma questão de herança. Envolve organização contábil, avaliação patrimonial e definição de responsabilidades. Sem esse preparo, o risco de descontinuidade aumenta significativamente”, afirma.
Impacto tributário
Para o especialista, outro aspecto relevante é o impacto tributário. Isso porque a legislação brasileira impõe regras específicas para a transferência de bens e empresas familiares, o que exige acompanhamento técnico. “O contador pode orientar o produtor rural sobre regimes tributários mais adequados, avaliar a viabilidade da criação de holdings familiares e antecipar cenários para reduzir custos fiscais”, explica Teixeira.
Luiz Felipe ressalta que a contabilidade também contribui para a análise da saúde financeira das propriedades, fornecendo relatórios que permitem uma visão clara do fluxo de caixa e dos investimentos necessários. “A gestão contábil oferece dados objetivos que ajudam a família a tomar decisões estratégicas, seja na modernização da produção, na expansão de áreas cultivadas ou na profissionalização da administração”, acrescenta o CEO.
Ainda conforme a percepção do profissional, a profissionalização da gestão, com o apoio de contadores, advogados e consultores especializados pode reduzir conflitos familiares e aumentar as chances de perpetuação das propriedades. “Quando a família se prepara com antecedência, o processo de sucessão se torna mais transparente e menos conflituoso. E a contabilidade é a base desse preparo”, conclui Teixeira.