Resumo da notícia
- Pesquisadores descobriram no rio Paraguai o Naiavírus, o maior vírus com cauda já descrito, medindo cerca de 1.350 nm, muito maior que os vírus comuns, e que infecta exclusivamente amebas.
- O Naiavírus possui um genoma enorme, com quase 1 milhão de pares de bases de DNA, e muitos genes inéditos que podem estar ligados a processos evolutivos ainda desconhecidos.
- O estudo, liderado por Jônatas Abrahão da UFMG e publicado na Nature Communications, envolveu várias instituições brasileiras e internacionais, revelando o potencial do vírus para pesquisas biotecnológicas e evolutivas.
- As proteínas do Naiavírus são de origem muito antiga e podem ajudar a entender a formação das células eucarióticas, além de possibilitar o desenvolvimento de novos fármacos e enzimas.
Pesquisadores identificaram nas águas do rio Paraguai um novo vírus, considerado o maior com cauda já descrito pela ciência. Batizado Naiavírus, o “gigante microscópico” mede cerca de 1.350 nanômetros (nm) – os comuns medem entre 20 e 200 nm.
Muito diferente dos patógenos que provocam doenças em humanos, como o da gripe ou o coronavírus, o Naiavírus infecta apenas amebas. Além do tamanho fora do comum, tem um corpo envolto por uma espécie de “manto” e uma cauda flexível que se dobra e se alonga, funcionando como uma ferramenta para se aproximar das amebas e facilitar a infecção.
O novo vírus tem um genoma imenso: quase 1 milhão de pares de bases de DNA. Muitos genes não têm semelhança com nada já registrado pela ciência, com funções que antes se acreditava só existirem em células complexas, como bactérias e eucariotos.
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Alguns lembram proteínas de plantas. Isso indica que podem estar envolvidos em processos evolutivos que a ciência nem começou a entender. Sua descrição foi publicada na revista científica Nature Communications em 17 de setembro.
Participantes da pesquisa
Jônatas Abrahão, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, liderou o trabalho com apoio da FAPESP. Além do grupo da UFMG, participaram da investigação pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBio-CNPEM), das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Estadual Paulista (Unesp), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Virginia Tech (EUA) e do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).
Segundo os cientistas responsáveis pela descoberta, as proteínas do supervírus são originárias de uma divergência muito antiga, próxima do surgimento da vida na Terra. “Elas podem abrir portas inéditas de pesquisa e ser usadas para produzir fármacos e enzimas de interesse biotecnológico”, disse à Assessoria de Imprensa do IFSC-USP, Otavio Thiemann, um dos autores do estudo. “Além disso, podem contribuir para esclarecer questões fundamentais da biologia, como o processo de eucariogênese, a formação de núcleos em células eucarióticas primitivas”, salientou.
O grupo de pesquisa analisou 439 amostras de água até encontrar sinais do vírus em uma delas, coletada no município de Porto Murtinho (MS).
O artigo esa disponível aqui.