Resumo da notícia
- O Brasil alcançou recorde no mercado de amendoim em 2025, com exportações de 180 mil toneladas e receita de US$ 222 milhões, crescendo 26% em relação a 2024, segundo o IEA-Apta.
- São Paulo lidera a produção nacional, respondendo por 86% do total, com destaque para Tupã, Marília e Jaboticabal como principais polos produtores.
- A China ampliou significativamente suas importações brasileiras devido à insuficiência de sua produção interna, representando 21% das exportações, seguida por Rússia, Argélia e Países Baixos.
- As exportações de óleo de amendoim cresceram 170%, totalizando 98 mil toneladas, com China e Itália como principais mercados, destacando-se pelos benefícios nutricionais e sabor diferenciado.
O mercado de amendoim brasileiro registrou números históricos em 2025, consolidando o país como um dos principais players globais do setor. Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações da leguminosa alcançaram 180 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 222 milhões e representando um crescimento exponencial de 26% em relação ao mesmo período de 2024.
Os dados, divulgados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, evidenciam a recuperação do setor após um período de retração e reforçam a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.
São Paulo domina a produção nacional
O estado de São Paulo mantém sua posição de liderança absoluta na produção de amendoim no Brasil, sendo responsável por impressionantes 86% da produção nacional. Com uma média anual superior a 700 mil toneladas, o estado paulista foi o único fornecedor dos grãos exportados na safra atual.
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As principais regiões produtoras concentram-se nos municípios de Tupã (13,6%), Marília (12,7%) e Jaboticabal (12,2%), que juntos formam o cinturão produtivo mais importante do país.
Mercados internacionais impulsionam vendas
A diversificação dos destinos de exportação tem sido fundamental para o sucesso do amendoim brasileiro. Os principais compradores internacionais em 2025 foram:
- Rússia: 22% do total exportado
- China: 21% das vendas (35 mil toneladas)
- Argélia: 11% do volume
- Países Baixos: 7% – porta de entrada estratégica para o mercado europeu
O destaque fica por conta da China, que ampliou significativamente suas compras do produto brasileiro. Segundo a pesquisadora do IEA, Renata Martins Sampaio, o gigante asiático – maior produtor e consumidor mundial de amendoim – não conseguiu suprir sua demanda interna com a produção local, abrindo oportunidades para fornecedores internacionais.
“A China responde por pouco mais de 35% da produção mundial de amendoim, mas também é o maior consumidor global. A produção chinesa não foi suficiente para atender ao seu consumo interno, o que beneficiou diretamente as exportações brasileiras”, explica a especialista.
Óleo de amendoim: o novo protagonista
Além dos grãos, a safra 2024/2025 registrou outro marco histórico: o crescimento de 170% nas exportações de óleo de amendoim, que somaram 98 mil toneladas. O produto conquistou principalmente os mercados da China (87%) e da Itália (13%).
Considerado uma iguaria gastronômica pelo sabor marcante e pureza, o óleo de amendoim também se destaca por seus benefícios nutricionais. “O óleo é naturalmente rico em gorduras poli-insaturadas, especialmente Ômega 6, que fortalece o sistema imunológico e promove a saúde cardiovascular. Também oferece vitamina E e antioxidantes como o resveratrol, associado à prevenção do Alzheimer”, detalha Sizele Rodrigues, nutricionista da Diretoria de Segurança Alimentar (Cosali).
Pesquisa e inovação: os pilares do sucesso
O desempenho excepcional do amendoim paulista não é fruto do acaso. Por trás dos números recordes está o trabalho consistente do Instituto Agronômico de Campinas (IAC-Apta), referência internacional em melhoramento genético de amendoim.
“O programa de melhoramento genético do IAC é responsável por 80% das variedades de amendoim cultivadas no Brasil”, afirma Ignácio José de Godoy, pesquisador do instituto. As variedades que ocupam cerca de 80% das lavouras paulistas resultam do trabalho do IAC, que as desenvolve para garantir alta produtividade, resistência a doenças e pragas e qualidade superior para competir no mercado externo.
Para o secretário executivo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Alberto Amorim, o sucesso do setor é resultado da integração entre ciência e governança. “O amendoim é motivo de orgulho para o agro paulista pela sólida base científica do IAC e pela atuação exemplar da Câmara Setorial do Amendoim, que há mais de 10 anos lidera o desenvolvimento desta cadeia produtiva”, destaca.
Brasil entre os maiores exportadores mundiais
Com uma produção nacional de aproximadamente 1 milhão de toneladas anuais destinadas aos mercados de confeitaria e óleo, o Brasil consolidou-se como o sexto maior exportador mundial de amendoim de alta qualidade.
Os números recordes de 2025 demonstram não apenas a recuperação do setor, mas também o potencial de crescimento do amendoim brasileiro no cenário internacional, impulsionado pela combinação de pesquisa científica de ponta, manejo sustentável e produtos de qualidade superior.