Com uma área plantada de 480 hectares e produção estimada em 161 toneladas, a cultura do cacau ganha espaço no território mineiro, com forte concentração na região Norte do estado. É o que aponta o primeiro levantamento realizado neste ano pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).

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A Emater-MG incluiu o cacau em seu estudo de safra anual após demandas de suas equipes no interior, que identificaram um número crescente de produtores iniciando o plantio. A empresa monitora mais de 40 frutas, mas ainda não tinha o cacau em seu acompanhamento oficial.

“O levantamento nos ajuda na formulação de políticas públicas e a identificar a localização da produção para possíveis compradores”, explica o coordenador técnico de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio. Ele ressalta que os números atuais, 480 hectares e 161 toneladas, ainda podem crescer, pois novas áreas de plantio continuam sendo identificadas pelos técnicos.

O Norte de Minas consolida-se como o coração da cacauicultura no estado. O município de Jaíba lidera o cultivo, com 256 hectares plantados, respondendo sozinho por 53,3% da área estadual. Na sequência, aparecem Janaúba (120 hectares), Bandeira (64 hectares) e Matias Cardoso (25 hectares).

Clima do Norte de Minas e irrigação são chave para o cultivo

Deny Sanábio detalha que o cacaueiro se desenvolve bem em regiões de alta temperatura e baixa umidade, desde que haja irrigação. Muitos produtores da região iniciam o plantio consorciado com bananais, que já contam com a infraestrutura de irrigação.

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“O cacau não tolera ventos fortes nem frio. Já áreas com umidade muito alta favorecem doenças como a vassoura-de-bruxa. As áreas irrigadas do Norte de Minas são, portanto, muito propícias”, afirma o coordenador. Ele faz um alerta: a cultura exige investimento e conhecimento técnico, e a oferta de mudas no mercado ainda é reduzida, exigindo planejamento de longo prazo do produtor.

Empresa aposta no cacau e projeta futuro promissor para a região

Em Janaúba, a Rimo Agroindustrial Ltda. investiu forte e já cultiva cacau em mais de 100 hectares. A estratégia da empresa é substituir gradualmente seus bananais pela nova cultura.

“Com as mudanças climáticas, deixamos de ser uma área exclusiva no cultivo de banana. O cacau, por ser uma commodity, não sofre a mesma guerra de preços. Você pode armazenar e o mercado é totalmente diferente”, analisa o gestor da empresa, Geraldo Pereira da Silva.

Ele já comercializa sua produção para indústrias da Bahia e de Minas Gerais e faz uma projeção ousada: “Acreditamos que num espaço de sete a dez anos, o Norte de Minas terá entre 8 mil e 12 mil hectares de cacau. Seremos um grande polo produtor com qualidade e produtividade”.