Resumo da notícia
- O agronegócio brasileiro une alta produção, tecnologia e práticas sustentáveis para se consolidar como potência global, buscando superar atuais limites de exportação e barreiras comerciais como o "Tarifaço".
- O 1º AgroLegal Summit discutiu segurança jurídica, marcos regulatórios e inovação, destacando a importância dessas questões para ampliar a competitividade e o crescimento do setor no mercado internacional.
- Especialistas ressaltam que políticas macroeconômicas e parcerias globais, como com a China, foram essenciais para o sucesso do agronegócio, que em 2023 bateu recorde histórico na exportação de carne bovina para 144 países.
- A COP-30, em 2025, será uma oportunidade estratégica para o Brasil fortalecer sua presença geopolítica e ambiental, promovendo políticas públicas que agreguem valor e ampliem o acesso a novos mercados.
O agronegócio brasileiro está redefinindo sua estratégia para fortalecer sua posição como potência global. O setor, terceiro maior exportador agrícola do mundo, agora alia seu volume de produção a práticas sustentáveis e tecnologia de ponta.
Especialistas apontam que, para crescer além dos atuais 30% de produção exportada, o agro precisa superar barreiras como o “Tarifaço” e adotar uma postura geopolítica mais ativa, com eventos como a COP-30 no horizonte.
O 1º AgroLegal Summit, promovido pela AASP (Associação dos Advogados de São Paulo), reuniu autoridades como o ex-secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, e Marcello Britto, enviado especial para a COP-30, para debater esses caminhos.
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Segurança jurídica: a base para o crescimento
Antonio Freitas, diretor da AASP e coordenador do evento, enfatizou que o fórum surgiu para tratar de questões fundamentais. “A segurança jurídica no campo importa tanto quanto a produtividade. O AgroLegal Summit debate marcos regulatórios, propriedade rural e tecnologia, temas decisivos para o futuro do agronegócio”, afirmou Freitas.
Ivan Wedekin analisou a trajetória de sucesso do setor. “Nossa agricultura é gigante e global porque se fundamenta em tecnologia, no aumento da produtividade e em políticas agrícolas competentes dos últimos 20 anos. Isso garante ao Brasil o maior saldo na balança comercial agrícola mundial, com muito pouco subsídio”, explicou Wedekin.
Ele citou políticas macroeconômicas, como a Lei Kandir (1996) e a adoção do câmbio flutuante (1999), como fatores cruciais. A entrada da China na OMC em 2001, segundo ele, consolidou a parceria que transformou o país asiático no maior cliente do agro brasileiro.
Tarifaço abre portas para novas estratégias de mercado
O chamado “Tarifaço” dominou parte dos debates. Wedekin enxerga o momento como uma oportunidade estratégica. “Esse cenário permite ao Brasil não apenas abrir novos mercados, mas também traçar novas políticas para acessá-los”, comentou.

Divulgação/AASP
Apesar das tensões comerciais, o setor mostra resiliência. Em setembro, o país bateu o recorde histórico de exportação de carne bovina, alcançando 144 países. “Mercados como carne e café continuarão funcionando, mas nosso grande desafio permanece na agregação de valor, que também depende de políticas públicas”, concluiu o ex-secretário.
COP-30: Brasil busca reaproximação geopolítica
A conferência climática de 2025 (COP-30) aparece como palco fundamental para a projeção internacional do Brasil. Marcello Britto, enviado especial para o evento, destacou seu significado único. “Será a primeira grande reunião mundial com mais de 100 chefes de Estado após a nova gestão Trump. O foco não será criar regras novas, mas sim estabelecer novos rumos para essa reaproximação geopolítica”, explicou Britto.
A estratégia brasileira, de acordo com ele, mira a região da Ásia-Pacífico (APAC). “Onze países concentram 5 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, a partir de 2030, eles deterão 60% da classe média mundial, que é o motor do consumo”, afirmou.
Britto ainda revelou que a COP-30 dedicará dois dias inteiros para analisar tendências em agricultura, indústria, mineração e inteligência artificial no eixo China-Índia, sinalizando a centralidade do tema para a economia global.