Aves e répteis tinham sido apreendidos no Rio de Janeiro em setembro, enquanto 117 quelônios foram aprendidos durante fiscalização no Amazonas.
Foto: Divulgação/Ibama

O Ibama devolveu 148 jabutis-piranga ao seu habitat natural na Bahia nesta semana. Os animais haviam sido apreendidos durante uma ampla operação contra o tráfico de fauna silvestre no Rio de Janeiro.

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Servidores do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Seropédica transportaram os répteis até a Caatinga, onde a espécie ocorre naturalmente. Os jabutis foram soltos em Vitória da Conquista, região que oferece condições adequadas para sua sobrevivência.

Uma equipe multidisciplinar composta por médicos veterinários, biólogos e técnicos acompanhou o processo de reabilitação dos animais. Em menos de três semanas, os jabutis recuperaram o peso ideal e apresentaram boas condições de saúde.

Os jabutis-piranga (Chelonoidis carbonaria) habitam naturalmente as matas brasileiras do Nordeste ao Sudeste. A espécie se caracteriza por um casco com placas amareladas e escamas vermelhas na cabeça e nas pernas. Esses répteis se alimentam de flores, frutos, folhagens e insetos, ocupando principalmente biomas de baixo relevo e pouca umidade.

Outras espécies retornam à Mata Atlântica

Além dos jabutis, a equipe do Cetas Seropédica devolveu outras espécies à natureza. Equipes de conservação soltaram uma iguana (Iguana iguana), dois corrupiões (Icterus jamacaii) e 48 galos-de-campina (Paroaria dominicana) em Porto Seguro, no litoral baiano.

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Corrupiões e galos-de-campina foram libertados na Mata Atlântica. Foto: Divulgação/Ibama

O corrupião destaca-se pelo canto melodioso e pela capacidade de imitar outras aves. Já o galo-de-campina, também conhecido como cardeal-do-nordeste, chama atenção pela plumagem vermelha, cinza, branca e negra.

Operação nacional desarticula esquema milionário

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou a operação em 16 de setembro. A ação resultou na prisão de 47 pessoas e na apreensão de mais de 700 animais silvestres.

A organização criminosa capturava os animais diretamente de seus habitats em Minas Gerais e nos estados do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Muitos espécimes chegaram aos centros de reabilitação abaixo do peso e doentes.

“A quadrilha movimentou mais de R$ 5 milhões em apenas um ano”, estima a Polícia Civil. O superintendente do Ibama no Rio de Janeiro, Rogério Rocco, alerta que os compradores também cometem crime: “Quem compra animal silvestre sem documentação legal contribui para essa atividade ilícita, podendo responder pelo crime de receptação.”

Ibama apreende 117 quelônios no Parque Nacional do Jaú

O Ibama também apreendeu 117 quelônios durante fiscalização na base fluvial do Parque Nacional do Jaú, no Amazonas. Os traficantes esconderam os animais entre produtos regionais que supostamente venderiam em Novo Airão.

Foto: Divulgação/Ibama

A operação ocorreu na terça-feira (7) em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A ação integrava o monitoramento de áreas de manejo do Programa Quelônios da Amazônia (PQA).

Multa de R$ 585 mil e soltura imediata

O infrator recebeu multa de R$ 585 mil, conforme o Decreto nº 6.514/2008. A legislação estabelece multa de R$ 5 mil por animal de espécie constante em listas oficiais da fauna brasileira ameaçada de extinção. A embarcação também foi apreendida. Especialistas examinaram os animais no local e constataram bom estado de saúde. Os quelônios foram soltos imediatamente dentro do próprio Parque Nacional.

O Parque Nacional do Jaú é uma Unidade de Conservação Federal de proteção integral gerida pelo ICMBio. Com 2,3 milhões de hectares, a área abrange os municípios de Novo Airão e Barcelos, no Amazonas, e Caracaraí, em Roraima.

“A região é altamente relevante para a conservação da natureza na Amazônia. Não podemos permitir que crimes ambientais ocorram no Parque Nacional”, afirma o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo. “O Ibama e ICMBio atuarão juntos e de forma intensa para impedir novas agressões à natureza.”

Programa Quelônios: a maior iniciativa de conservação do mundo

O Programa Quelônios da Amazônia representa a maior iniciativa de conservação de fauna em vida livre do mundo. Criado em 1979, o PQA já soltou mais de 100 milhões de filhotes na natureza.

O programa protege três espécies: tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), tracajá (Podocnemis unifilis) e pitiú (Podocnemis sextuberculata). As ações acontecem ao longo da bacia dos rios Amazonas e Araguaia/Tocantins.

O Ibama combina estratégias de manejo conservacionista, pesquisa, capacitação, educação ambiental e fiscalização. O objetivo é promover o desenvolvimento social e garantir equilíbrio entre a fauna amazônica e as comunidades ribeirinhas.

Em setembro, o Instituto já havia apreendido 335 quelônios em outra operação integrada no Amazonas. As equipes do Ibama realizam frequentemente atividades de educação ambiental para conscientizar as populações locais sobre a importância da conservação das espécies.