Resumo da notícia
- Produtores de Mato Grosso enfrentam dificuldades com o novo Plano Safra 2025/26, que oferece menos recursos efetivos e juros altos, dificultando o acesso a financiamentos para custeio e investimentos em armazenagem.
- Mais de 50% da safra está sem local adequado para estocar, comprometendo a logística de escoamento, diante de um déficit estimado em mais de 52 milhões de toneladas de capacidade de armazenagem para soja e milho.
- Pequenos e médios produtores sofrem com custos altos e burocracia para construir armazéns, recorrendo a silos bolsa e enfrentando falta de caminhões, o que eleva os custos de transporte na colheita.
- A lentidão no crédito e o déficit nacional de armazenagem, que ultrapassa 120 milhões de toneladas, ameaçam a segurança alimentar e a economia, exigindo políticas públicas para financiamento e incentivos fiscais na construção de armazéns.
Com a colheita da safra 2025/26, produtores de Mato Grosso já sentem os efeitos restritivos do novo Plano Safra, que apesar de recorde em volume anunciado, oferece menos recursos efetivos para o crédito rural. A subvenção diminuída e a alta das taxas de juros têm feito o acesso a financiamentos viáveis ficar distante para muitos agricultores, segundo o diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol.
“Os recursos não têm chegado ao produtor rural. Muitos não conseguem fazer operações bancárias nem para custeio, quanto mais para investimentos em armazenagem,” disse Bertuol. Ele alerta que mais de 50% da safra está sem local adequado para estocar, comprometendo a logística do escoamento.
Os números reforçam essa preocupação. Mato Grosso deve produzir cerca de 47 milhões de toneladas de soja na safra 25/26. Mas sua capacidade estática de armazenagem alcança apenas 53,4 milhões de toneladas, espaço que também serve ao milho, cuja produção ultrapassou 54 milhões de toneladas na última safra. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) estima um déficit superior a 52 milhões de toneladas para as duas culturas.
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Luiz Pedro Bier, vice-presidente da Aprosoja MT, destaca o impacto especialmente sobre pequenos e médios produtores. “Construir armazéns é caro e burocrático. Com juros atuais, não é viável. Muitos recorrem a silos bolsa e enfrentam falta de caminhões e maiores custos para transporte na colheita.”
Lentidão atrapalha
Porém, apesar do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) incluído no Plano Safra, a lentidão no desembolso do crédito restringe a ampliação da infraestrutura. Bier ressalta que o problema ultrapassa o produtor rural, atingindo a segurança alimentar nacional.
“Se ocorrer crise no escoamento, seja por portos ou geopolítica, corre-se o risco de perder até metade da produção de Mato Grosso. Um prejuízo bilionário e reflexo direto na economia do país,” alertou.
O presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber, reforça que o déficit não é local, mas nacional. E é agravado pelo aumento dos juros e corte nos recursos. Ele aponta que o aumento da produção em 2025 para 350 milhões de toneladas de grãos no Brasil não acompanha o ritmo da construção de armazéns, agravando o déficit que ultrapassa 120 milhões de toneladas.
Ele defende políticas públicas para incentivar a construção de armazéns próprios, como benefícios fiscais e financiamento mais acessível, vital para que o país garanta soberania frente a crises e oscilações do mercado.