Resumo da notícia
- As exportações chinesas cresceram 8,3% em setembro de 2025, atingindo US$ 328,6 bilhões, superando expectativas e mostrando resiliência diante das tarifas americanas.
- As vendas para os EUA caíram 27%, mas foram compensadas por alta de 14,8% em exportações para outros mercados, como União Europeia, África, América Latina e Sudeste Asiático.
- A União Europeia liderou o crescimento das exportações chinesas com aumento superior a 14%, enquanto o Vietnã se tornou um centro estratégico para redirecionamento comercial ao mercado americano.
- O superávit comercial da China atingiu US$ 90,5 bilhões, com importações em alta de 7,4%, refletindo forte desempenho mesmo em meio às tensões comerciais persistentes com os Estados Unidos.
As exportações da China registraram crescimento de 8,3% em setembro de 2025, superando as expectativas do mercado e fortalecendo a posição do presidente Xi Jinping na disputa comercial com os Estados Unidos. O resultado representa o ritmo mais acelerado de crescimento em seis meses.
De acordo com dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas nesta segunda-feira, as vendas ao exterior atingiram US$ 328,6 bilhões — o maior volume mensal de 2025. O desempenho ficou acima da projeção mediana de 6,6% estimada por economistas consultados pela Bloomberg.
Os números demonstram resiliência da economia chinesa mesmo diante do tarifaço dos Estados Unidos, que mantém taxas elevadas sobre produtos do país asiático.
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Queda nas vendas para os EUA é compensada por outros mercados
Embora os embarques para território americano tenham despencado 27% — marcando o sexto mês consecutivo de quedas superiores a dois dígitos —, a China conseguiu compensar essa retração através da diversificação de destinos.
As exportações para mercados fora dos Estados Unidos avançaram 14,8%, o maior crescimento desde março de 2023. A estratégia de buscar parceiros comerciais alternativos tem se mostrado eficaz para manter o fluxo de produtos chineses.
União Europeia lidera crescimento das exportações
Entre os destaques, as vendas para a União Europeia cresceram mais de 14%, representando o maior aumento em três anos. Outros mercados também apresentaram expansão significativa:
- África: alta de 56%, o ritmo mais rápido desde fevereiro de 2021
- América Latina: crescimento de 15,2%, revertendo quedas anteriores
- Sudeste Asiático: avanço de quase 16%
- Vietnã: aumento de 25% nas importações de produtos chineses
“As exportações da China permaneceram resilientes apesar das tarifas americanas, graças à diversificação de mercados e à forte competitividade”, afirmou Michelle Lam, economista para a Grande China do Societe Generale SA.
Vietnã como centro de redirecionamento comercial
A Capital Economics identificou o Vietnã como “principal centro de redirecionamento” de produtos chineses. Analistas apontam que empresas têm utilizado o país do Sudeste Asiático como rota alternativa para fazer produtos chegarem indiretamente ao mercado americano.
As importações chinesas também surpreenderam positivamente, com alta de 7,4% em setembro, impulsionadas por compras do Japão, Coreia do Sul, Países Baixos e Taiwan.
Com o forte desempenho tanto nas exportações quanto nas importações, o superávit comercial da China atingiu US$ 90,5 bilhões, crescimento de quase 11% na comparação anual.
O superávit com os Estados Unidos chegou a aproximadamente US$ 23 bilhões — uma alta em relação a agosto, mesmo com a China reduzindo compras de produtos americanos como soja.
Tensões comerciais entre China e EUA persistem
As relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo continuam tensas. Na semana passada, a China anunciou controles globais de exportação sobre minerais de terras raras, levando Donald Trump a ameaçar cancelar reunião com Xi Jinping, a primeira em seis anos.
O presidente americano também anunciou planos para impor tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses, além de restrições a softwares críticos.
Posteriormente, o governo Trump sinalizou abertura para acordo, embora tenha alertado que os controles de exportação chineses representam obstáculo às negociações.
Próxima rodada de negociações prevista
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, confirmou que uma nova rodada de negociações ocorrerá em Frankfurt, na Alemanha, antes de 10 de novembro — data de expiração da trégua tarifária atual.
Segundo a Bloomberg Economics, tarifas de 100% elevariam as taxas efetivas sobre produtos chineses para cerca de 140%, nível que praticamente paralisaria o comércio bilateral.
Os bons resultados nas exportações trazem alívio para a economia doméstica chinesa, que enfrenta deflação e dificuldades no setor imobiliário.
A China deve divulgar os dados do terceiro trimestre no dia 20. Apesar da expectativa de desaceleração, o país segue no caminho para atingir a meta oficial de crescimento de 5% em 2025.
“O ambiente externo atual continua sombrio e complexo. O comércio exterior enfrenta incertezas e dificuldades crescentes”, alertou Wang Jun, vice-chefe da autoridade alfandegária em Pequim.
Lynn Song, economista-chefe para a Grande China do ING Bank NV, observa que a exposição limitada ao mercado americano em setores de alto crescimento — como baterias de lítio, navios e veículos elétricos — deve facilitar para Pequim conter novas disrupções comerciais.
“Até agora neste ano, a China tem mostrado que, embora não deseje uma guerra comercial, está disposta a revidar conforme necessário diante de escaladas. A resiliência das exportações provavelmente reforçará a confiança nessa abordagem”, concluiu Song.