Veja o que a ciência diz sobre os sabores mais intensos da natureza
Foto: Rodarte/Agro em Campo

O sabor azedo resulta de uma combinação química complexa. O pH, a quantidade total de ácidos e o tipo de ácido natural presente determinam o grau de acidez que sentimos ao provar uma fruta. Essa mistura química explica por que algumas frutas apresentam um azedinho leve e refrescante, enquanto outras provocam caretas mesmo nos paladares mais corajosos.

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O pH mede a acidez imediata de um alimento. Quanto menor o número, mais ácido o produto. A acidez titulável, por sua vez, indica a quantidade total de ácidos presentes.

Segundo a Embrapa Agroindústria Tropical, as frutas brasileiras concentram três tipos principais de ácidos: cítrico, málico e tartárico. Cada ácido possui sabor característico e aparece em proporções diferentes conforme a espécie. Essa combinação define se a fruta será mais azeda, doce ou equilibrada no paladar.

Bilimbi: a fruta mais azeda do mundo

Foto: Nigel Durrant/Flickr

O bilimbi lidera o ranking das frutas mais azedas conhecidas pela ciência. Originária do sudeste asiático e ainda pouco popular no Brasil, a fruta pertence à mesma família da carambola e apresenta suco extremamente ácido — mais intenso que o do limão.

Um levantamento da Universidade de Kerala, na Índia, registra pH médio entre 1,1 e 2,0. O bilimbi também concentra altas doses de ácido oxálico, que causa a sensação adstringente característica.

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Pesquisadores da Universiti Sains Malaysia descrevem o bilimbi como “impróprio para consumo direto” devido à acidez excessiva. A fruta funciona melhor em pequenas quantidades como tempero ou conservante natural.

Tamarindo: acidez com toque adocicado

O tamarindo combina acidez intensa com leve doçura, resultado da presença de ácido tartárico em níveis elevados. A Embrapa Agroindústria Tropical caracterizou físico-quimicamente a polpa e encontrou pH médio entre 2,3 e 2,7 — faixa semelhante à do limão.

Limão e lima: referências clássicas de acidez

Limão e lima representam as referências mais conhecidas quando o tema é acidez. A Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO/Unicamp) registra pH do suco de limão entre 2,0 e 2,6, com acidez titulável em torno de 6% de ácido cítrico.

Acerola: vitamina C e acidez em dose dupla

Fruta oferece muitos benefícios

A acerola concentra alto teor de vitamina C e figura entre as frutas mais ácidas existentes. Um boletim técnico da Embrapa Mandioca e Fruticultura (2023) mostra pH de genótipos avaliados entre 2,3 e 4,4, dependendo da cultivar e do grau de maturação.

O estudo aponta que essa acidez intensa confere à acerola seu sabor característico e o potencial antioxidante que a popularizou em sucos e suplementos alimentícios.

Carambola: prima ácida do bilimbi

Foto: Geovani Ferreira Gonçalves/Flick

A carambola, parente do bilimbi, também apresenta acidez considerável. O pH de frutos verdes fica abaixo de 3,0 e sobe conforme a maturação. A fruta possui alto teor de ácido oxálico, que diminui à medida que o fruto amadurece.

Calamansi: o híbrido filipino super ácido

Foto: Karen Grace Cruzado/Flickr

O calamansi, híbrido de limão e tangerina amplamente consumido nas Filipinas, apresenta pH entre 2,2 e 2,5. Apesar de menos conhecido no Brasil, o fruto figura entre os mais ácidos do mundo.

Umbu: a acidez nativa do semiárido brasileiro

Umbu
Foto: Auxiliadora Coêlho/Embrapa

O umbu, nativo do Semiárido brasileiro, registra pH entre 2,6 e 3,0, conforme dados da Embrapa Semiárido. Mangas e goiabas verdes também apresentam acidez notória, mas o pH sobe rapidamente durante o amadurecimento, reduzindo a sensação de azedume.