Resumo da notícia
- O Governo de Mato Grosso destinou R$ 1,5 milhão para fortalecer a produção rural de 252 indígenas Xavantes em sete municípios, visando autonomia econômica via Programa de Incentivo Rural e edital do Fundo de Apoio à Agricultura Familiar.
- A pecuária, especialmente a avicultura de corte, concentra 70% dos projetos, seguida pela fruticultura e olericultura, garantindo diversificação e sustentabilidade nas comunidades indígenas beneficiadas.
- Campinápolis, General Carneiro e Paranatinga concentram 73% dos beneficiários, com investimentos regionais focados em pecuária, agroindústrias e fruticultura, conforme as características produtivas locais.
- A UFMT sediou reunião intersetorial para alinhar estratégias de segurança alimentar e nutricional dos Xavantes, envolvendo secretarias estaduais e municípios parceiros para fortalecer o desenvolvimento rural sustentável.
O Governo de Mato Grosso liberou R$ 1,5 milhão para fortalecer a produção rural de 252 indígenas Xavantes em sete municípios do estado. O investimento integra o edital 2.2 do Fundo de Apoio à Agricultura Familiar (Fundaaf) e visa promover a autonomia econômica das comunidades tradicionais através do Programa de Incentivo Rural.
A Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) coordena a iniciativa com apoio da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer). Os municípios de Campinápolis, General Carneiro e Paranatinga concentram 73% dos beneficiários, reflexo da forte presença Xavante nessas regiões.
A equipe da Seaf calcula que cada beneficiário receberá em média R$ 5.956. A pecuária, especialmente a avicultura de corte, representa 70% dos projetos aprovados e se consolida como a principal atividade produtiva das comunidades Xavantes. A olericultura responde por 11% dos investimentos, enquanto a fruticultura abrange 13% dos projetos, garantindo diversificação e sustentabilidade.
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Distribuição regional dos recursos
Em Campinápolis, 90 indígenas receberam R$ 539,9 mil. A região destina 98% dos recursos para projetos de pecuária. General Carneiro contempla 57 beneficiários com R$ 341,2 mil, divididos entre pecuária (43,9%) e olericultura (38,6%).
Paranatinga investe R$ 216,1 mil em 37 produtores e se destaca pela inclusão de agroindústrias e atividades não agropecuárias. Já Barra do Garças atende 30 beneficiários, com 77% dos projetos focados em fruticultura, principalmente o cultivo de mexirica.
Igualdade de acesso aos recursos
O relatório do Fundaaf aponta que os valores médios por beneficiário se aproximam do teto do programa em todos os municípios, o que demonstra uma política de equidade. O estudo recomenda monitorar os resultados da pecuária em Campinápolis, expandir cadeias produtivas diversificadas e fortalecer parcerias com cooperativas e associações indígenas.
“Esses investimentos reafirmam o compromisso do Governo do Estado em promover o desenvolvimento rural sustentável e inclusivo a fim de valorizar o trabalho das comunidades indígenas e fortalecer a autonomia produtiva”, destaca o documento.
Reunião intersetorial debate estratégias
A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Barra do Garças, sediou nos dias 29 e 30 de outubro a Reunião Técnica Intersetorial de Alinhamento Estratégico para a Promoção da Segurança Alimentar e Nutricional para etnia Xavante. O evento apresentou os dados do programa e reuniu representantes de municípios parceiros, Seaf e outras secretarias estaduais.
“Esta reunião é a primeira a acontecer no formato de encontro intersetorial, com participação de representantes de municípios parceiros, Seaf e outras secretarias de Estado, para discussão da saúde e segurança alimentar nutricional dos indígenas Xavantes”, explicou a professora da UFMT Rosaline Lunardi, coordenadora do evento.
Ações integradas no território
O gestor territorial do Pontal e Médio Araguaia, Camilo Tavares Lopes, destacou o trabalho conjunto no Território Indígena São Marcos, em Barra do Garças. Técnicos desenvolvem projetos de agrofloresta, plantio de mandioca e hortaliças, todos com sistemas de irrigação financiados principalmente pelo Fundaaf.
“Graças à integração entre Seaf, Empaer, Governo do Estado, Prefeitura, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e UFMT, temos uma parceria no território. Essas ações são possíveis e, num futuro próximo, algumas aldeias terão sua história alimentar mudada”, afirmou Lopes. O gestor informou que existem 31 projetos para criação de aves e lavouras irrigadas, incluindo agroflorestas frutíferas e culturas anuais.
Compromissos futuros
Leonardo Vivaldini dos Santos, coordenador do projeto MT Produtivo da Seaf, ressaltou a importância da reunião para definir os compromissos da secretaria na promoção da soberania alimentar indígena. A Seaf atua com fomento, compra de tratores, equipamentos e insumos, sendo que parte desses recursos chega aos povos indígenas da região Leste, especialmente os Xavantes.
Vivaldini observou que a assistência técnica em terras indígenas exige esforço maior do que o habitualmente visto nos indicadores. “Esta mudança da lógica de atuação também é importante para rever a estratégia para os técnicos atuarem nos municípios”, disse.
O coordenador informou que o orçamento das secretarias pode estar vinculado, nos próximos anos, à complementação do Fundaaf. “O objetivo é fortalecer a agricultura familiar, povos indígenas, comunidades quilombolas, muito importante implementar este suporte técnico e financeiro para elaborar projetos de desenvolvimento para este público”, concluiu.