Resumo da notícia
- Piedade lidera a produção nacional de alcachofra, responsável por 90% da produção brasileira, com tradição de mais de 60 anos e reconhecimento pela qualidade do produto.
- O clima ameno e solo fértil favorecem o cultivo, que tem colheita anual, mas técnicas hormonais permitem uma segunda safra, aumentando produtividade e oferta.
- A Secretaria de Agricultura de São Paulo apoia produtores com assistência técnica, crédito rural e programas de comercialização, fortalecendo a cadeia produtiva local.
- Pesquisas em São Roque recuperam a variedade tradicional "Roxa de São Roque", eliminando vírus e desenvolvendo mudas saudáveis para garantir inovação e sustentabilidade no cultivo.
Piedade, no interior de São Paulo, consolida sua posição como a capital nacional da alcachofra. O município é responsável por aproximadamente 90% da produção brasileira dessa flor comestível, colhida antes de desabrochar para revelar um coração macio e saboroso.
A tradição local se constrói há gerações. Famílias de produtores, como a de Otávio Freitas Neves, cultivam a alcachofra há mais de 60 anos. “Somos poucos produtores, mas com muita relevância para o Brasil. Nossa alcachofra conquistou reconhecimento pela qualidade, fruto de décadas de dedicação e um preparo cuidadoso”, destaca Neves. Foi de Piedade que saíram as mudas que hoje abastecem agricultores em todo o país.
O clima ameno e o solo fértil da região oferecem condições ideais para o cultivo. Normalmente, a colheita acontece uma vez ao ano, mas os produtores já adotam técnicas de indução hormonal para garantir uma segunda safra. Essa prática aumenta a produtividade e amplia o abastecimento do mercado.
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Ciência para preservar a tradição
Para fortalecer ainda mais a cadeia produtiva, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) oferece suporte técnico aos produtores por meio da CATI. O apoio inclui orientação, acesso a crédito rural e incentivo à comercialização em programas como o da merenda escolar.
Paralelamente, a pesquisa científica trabalha para modernizar o cultivo. Na Apta Regional de São Roque, próxima a Piedade, uma equipe de pesquisadores liderada por Wilson Tivelli recupera o vigor genético da variedade tradicional “Roxa de São Roque”. Após décadas de multiplicação, as plantas haviam perdido força devido à contaminação por vírus.
O projeto, que ganhou força a partir de 2020 em parceria com o Instituto Biológico e a CATI Sementes e Mudas, identificou os vírus, limpou o material genético em laboratório e produziu novas mudas saudáveis. Em 2023, esses materiais voltaram ao campo em sistemas de cultivo tradicional e em um modelo experimental com linhas duplas, que busca aumentar a densidade do plantio e a rentabilidade.
“Nosso objetivo é garantir que a alcachofra continue como um símbolo cultural e econômico de São Roque e de toda a região. Unindo tradição, ciência e inovação”, afirma o pesquisador Wilson Tivelli.
A versatilidade da alcachofra na gastronomia, presente desde pratos sofisticados até receitas simples, continua a valorizar o sabor paulista, agora com um futuro ainda mais promissor graças à união entre o saber do campo e a tecnologia.