Resumo da notícia
- O tornado que destruiu 90% de Rio Bonito do Iguaçu (PR) destaca a urgência das mudanças climáticas e deve ser pauta na COP30 para sensibilizar líderes globais sobre a necessidade de ações concretas.
- Especialistas afirmam que o aquecimento global, causado pelo aumento dos gases de efeito estufa, torna tornados mais frequentes e intensos ao elevar a temperatura e a umidade da atmosfera.
- O fenômeno evidencia o agravamento das condições climáticas no Brasil e no mundo, impactando setores como agricultura e matriz energética, que dependem da estabilidade climática.
- O evento reforça a importância de debates reais e ações urgentes na COP30 para conter o aquecimento global e proteger populações vulneráveis diante do aumento de eventos meteorológicos extremos.
O tornado que destruiu 90% da cidade de Rio Bonito do Iguaçu (PR) acendeu um alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas. O fenômeno, considerado extremo, deve servir como sinal de urgência para as autoridades que participam da Conferência da ONU sobre o Clima (COP30), em Belém (PA).
Tornados e condições climáticas
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, afirmou que o episódio revela o agravamento das condições climáticas no país e no mundo. Segundo ele, os últimos dez anos foram os mais quentes da história. “O que aconteceu no Paraná é grave e se repete em várias regiões do Brasil e do mundo”, destacou Astrini. “Esses eventos deveriam entrar no debate da COP, mas muitas vezes as discussões ficam distantes da realidade.”
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O especialista espera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencione o desastre durante a abertura oficial da conferência, na segunda-feira (10). Para Astrini, a fala de Lula pode ajudar a sensibilizar líderes globais sobre a urgência de ações concretas. “O Brasil é vulnerável. Nossa agricultura e nossa matriz energética dependem da regularidade climática. Esperamos que essa realidade influencie as decisões da COP”, afirmou.
A oceanógrafa Renata Nagai, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) com apoio do Instituto Serrapilheira, explica que as mudanças climáticas não causam diretamente os tornados, mas podem torná-los mais frequentes e intensos. “O aumento da queima de combustíveis fósseis eleva os gases de efeito estufa e aquece a atmosfera e os oceanos”, explicou Nagai. “Com mais calor e umidade, cresce a energia disponível para eventos meteorológicos extremos.”
Entenda o fenômeno
A pesquisadora lembra que os tornados são colunas de ar em rotação, formadas em tempestades intensas. Apesar de atingirem áreas pequenas, causam grandes destruições quando tocam o solo. A combinação de ar quente e alta umidade favorece o fenômeno.
O professor Michel Mahiques, também da USP, reforça que o aquecimento global intensifica as diferenças de temperatura e pressão atmosférica, o que amplia o risco de fenômenos extremos. “Essas variações se acentuam com o avanço das mudanças climáticas, aumentando a probabilidade de tornados e tempestades severas”, explicou.
O tornado no Paraná, segundo especialistas, é mais um exemplo do impacto direto das mudanças climáticas no cotidiano. O episódio reforça a necessidade de ações urgentes e coordenadas para conter o aquecimento global e proteger populações vulneráveis.