Após corte de tarifas dos EUA, redução beneficia concorrentes e mantém produtos nacionais em desvantagem
Foto: Divulgação

A recente redução das tarifas de importação pelos Estados Unidos gerou reações contrastantes entre exportadores brasileiros. Embora o governo americano tenha eliminado a taxa global de 10% para cerca de 200 produtos, manteve a sobretaxa de 40% aplicada especificamente ao Brasil, o que afetou diretamente os embarques de café, carnes e frutas.

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“Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para o Brasil”, afirmou o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos. Segundo ele, o café brasileiro, antes taxado em 50%, passou a ter tarifa de 40%, enquanto países concorrentes, como Colômbia e Vietnã, agora exportam para os EUA com taxa zero.

Os Estados Unidos são o principal destino do café nacional e respondem por cerca de 16% das exportações brasileiras do produto, de acordo com o Ministério da Agricultura. No entanto, a manutenção da tarifa elevada já provocou forte queda nas vendas. Entre agosto e outubro, as importações americanas de café brasileiro recuaram 51,5% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados do Cecafé.

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) emitiu uma nota agora a pouco:

Comunicado BSCA – Tarifaço dos EUA

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) lamenta o fato de a nova ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sexta-feira, 14 de novembro, que trata da “Modificação do âmbito de aplicação da tarifa recíproca em relação a certos produtos agrícolas”, não conter a exclusão integral das tarifas de 50% impostas sobre os cafés do Brasil, principalmente os cafés especiais, a serem importados pelos norte-americanos.

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A nova orientação da Casa Branca retira a taxa recíproca de 10% sobre a importação dos cafés do Brasil, mas mantém os 40% adicionais, que estão em vigência desde agosto deste ano.

Tal situação, de manutenção de elevada posição tarifária imposta ao Brasil, amplia as distorções no comércio e tende a intensificar, no curto prazo, a queda nas exportações de cafés especiais aos Estados Unidos.

Como exemplo, de agosto a outubro — os três meses de vigência do tarifaço —, os embarques de cafés especiais do Brasil aos EUA, o principal mercado importador desse produto nacional, caíram cerca de 55%, saindo de 412 mil sacas de 60 kg no mesmo período de 2024 para as atuais 190 mil sacas.

Diante disso, a BSCA anseia pela aceleração das negociações entre Brasil e EUA, de modo a corrigir as distorções no comércio cafeeiro entre os países, o qual desejamos que tenha seu fluxo normal restabelecido o mais rápido possível, já nas próximas semanas, dada a urgência que o tema demanda.

Carnes e frutas

No setor de carnes e frutas, a avaliação é de que houve algum avanço, mas ainda insuficiente para garantir competitividade frente a outros países contemplados com isenções totais. O temor é de que o Brasil perca participação em mercados estratégicos caso as negociações comerciais não avancem em direção a maior igualdade tarifária.