Como identificar sementes falsificadas e proteger sua lavoura de prejuízos
Foto: divulgação - Embrapa / Sebastião Araújo

O agronegócio brasileiro enfrenta um dos seus maiores desafios: a pirataria de sementes. Dados apresentados no Seed Congress of the Americas 2026 revelam que sementes não registradas ou não certificadas ocupam 11% da área cultivada com soja no país. O problema gera prejuízos anuais de até R$ 10 bilhões à cadeia produtiva.

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A situação afeta não apenas a soja. Outras culturas, como forrageiras, algodão, arroz e feijão, também sofrem com a comercialização ilegal de material de plantio. A prática compromete a produtividade das lavouras e ameaça a sustentabilidade do setor.

A Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS) aponta que o uso de sementes piratas provoca perdas significativas de qualidade nas lavouras. O material ilegal dissemina pragas e doenças, além de reduzir drasticamente a eficiência da produção.

Andreia Bernabé, diretora-executiva da APPS, alerta os produtores sobre os riscos dessa economia equivocada. “A semente representa o ponto de partida de toda a produção. Economizar nesse momento pode custar caro depois”, afirma a executiva.

Ela explica que a semente legal garante origem, qualidade, pureza genética e resultados previsíveis no campo. Já o material ilegal traz riscos de baixa produtividade, contaminações e prejuízos irreversíveis. “Investir em semente certificada não é gasto: é segurança, rentabilidade e respeito ao futuro da agricultura brasileira”, destaca Andreia.

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Especialistas apontam riscos econômicos e tecnológicos

Tiago Penha Pontes, engenheiro agrônomo e Gerente Técnico da Wolf Sementes, classifica a pirataria como um risco econômico, de imagem e de produtividade. “Nosso compromisso é entregar ao produtor um material de alta performance, que oferece segurança e resultados reais no campo”, declara o especialista.

O agrônomo ressalta que a escolha por semente pirata coloca em risco toda a cadeia produtiva e o trabalho de quem investe em pesquisa, qualidade e tecnologia. Ele lembra ainda que a comercialização ilegal configura crime e prejudica o avanço de novas tecnologias no campo. “Cada saca de semente falsificada é um golpe contra o produtor e contra o futuro da agricultura responsável”, reforça Pontes.

Como identificar sementes certificadas

A APPS orienta os produtores a adotarem cuidados essenciais na hora da compra. A primeira medida consiste em verificar se o fornecedor possui registro no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas, do MAPA).

Os produtores devem exigir nota fiscal e termo de garantia da qualidade, emitido por laboratório credenciado. Também precisam observar se a embalagem está lacrada, íntegra e sem sinais de violação. Esses elementos garantem que a semente possui procedência certificada e passou por rigorosos controles de qualidade genética e sanitária.

Setor trabalha para fortalecer mercado formal

Apesar dos avanços na conscientização dos produtores, o problema ainda preocupa o setor. “Seguimos trabalhando para fortalecer o mercado formal e valorizar quem faz a agricultura de forma correta, garantindo a pesquisa para novos cultivares de forma sustentável”, afirma Andreia Bernabé.

A diretora-executiva da APPS reforça que a escolha por sementes certificadas garante produtividade, segurança e longevidade para o negócio rural. A decisão protege não apenas o bolso do produtor, mas também o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro.

Canal de Denúncias

Os produtores podem denunciar o comércio irregular de sementes de forma anônima no site da APPS (appssementes.com.br) ou diretamente no portal do MAPA (www.gov.br/agricultura). As denúncias ajudam as autoridades a combater a pirataria e proteger os agricultores brasileiros.