Enquanto milhões passam fome, 30% da produção some antes de chegar ao consumidor. Especialistas veem aí uma dupla crise: social e climática
Foto: Guilherme Martimon /MAPA

A cena se repete silenciosamente em propriedades rurais pelo Brasil. Toneladas de alimentos nunca chegam à mesa do consumidor. Eles se perdem no caminho. Apodrecem. Viram estatística. Nesta sexta-feira (14), a AgriZone trouxe esse problema urgente para o centro do palco. O painel “Ação Global sobre Perda e Desperdício de Alimentos”, da Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC), misturou governos e especialistas. A missão? Encontrar saídas.

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Clecivaldo Ribeiro, diretor do Mapa, foi direto. “É inadmissível”, disparou. Ele se referia a um número que persiste como um fantasma: cerca de 30% dos alimentos produzidos no campo brasileiro se perdem antes do processamento ou da comercialização. É um buraco negro que suga recursos, dinheiro e esperança. Enquanto isso, a fome ainda é uma realidade para milhões. A conta não fecha.

O Brasil quer virar esse jogo. Clecivaldo deixou claro que reduzir perdas dentro das porteiras é prioridade nacional. Não é só sobre comida. É sobre eficiência. É sobre clima. O descarte inadequado desses alimentos libera metano na atmosfera. Um gás de efeito estufa potente. Um superpoluente. Combater o desperdício, portanto, é uma tacada dupla. Alimenta pessoas e resfria o planeta.

Soluções

E as soluções? O Mapa aposta em políticas públicas de base. Assistência técnica no campo. Capacitação. Disseminação de boas práticas. “Reduzir perdas exige conhecimento”, explicou o diretor. O foco é equipar o produtor. Melhorar o manejo. Revolucionar o armazenamento. Minimizar os danos pós-colheita. É uma mudança de cultura.

O recado do painel foi unânime. Reduzir a perda de alimentos não é mais uma opção. É uma necessidade premente. Uma estratégia inteligente para fortalecer a segurança alimentar de forma rápida. E sustentável.

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Clecivaldo Ribeiro encerrou com uma convicção. Enfrentar as perdas no campo é o passo decisivo. “Reduzir desperdícios é proteger recursos, fortalecer a agricultura e garantir comida para quem precisa”. O caminho está traçado. Agora, é ação.