Resumo da notícia
- Pesquisadores da Universidade do Maine descobriram que a técnica de cultivo intercalado aumenta a concentração de PFAS nas partes comestíveis de plantas, contrariando a expectativa de redução desses contaminantes.
- PFAS, conhecidos como "químicos eternos", persistem no ambiente e se acumulam em alimentos como alface e tomate, representando risco à saúde devido à associação com câncer e problemas hepáticos.
- Apesar da substituição dos PFAS de cadeia longa pelos de cadeia curta, estes últimos ainda se espalham facilmente e contaminam as folhas das plantas consumidas.
- Consumidores podem reduzir a exposição evitando panelas antiaderentes danificadas, optando por alimentos orgânicos e acompanhando alertas sanitários, enquanto a indústria começa a eliminar voluntariamente os PFAS.
Um estudo recente acendeu o alerta sobre a segurança dos alimentos que chegam à nossa mesa. Pesquisadores da Universidade do Maine descobriram que os temidos PFAS, os “produtos químicos eternos”, estão conseguindo escapar dos métodos agrícolas desenvolvidos justamente para contê-los.
A técnica do cultivo intercalado, onde agricultores plantam diferentes espécies lado a lado para reduzir a absorção de toxinas, mostrou-se praticamente ineficaz contra esses contaminantes. A surpresa veio quando os cientistas perceberam que, em vez de diminuir, a prática na verdade aumentou a concentração de PFAS nas partes comestíveis das plantas.
“O resultado nos preocupa bastante”, admite Alex Scearce, estudante de doutorado que liderou a pesquisa. “A gente tá descobrindo que não existe fórmula mágica quando o assunto é PFAS na agricultura.”
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O perigo que mora no prato
O estudo, publicado na revista Environmental Advances, analisou alface, tomate e festuca alta cultivadas em solo contaminado. Os pesquisadores identificaram um padrão alarmante: as folhas de alface acumulam quantidades significativas de ambos os tipos de PFAS (cadeia longa e curta), justamente na parte que vai direto para o consumo.
A situação é particularmente preocupante porque a indústria já substituiu os PFAS de cadeia longa, mais tóxicos e proibidos desde 2015, pelos de cadeia curta. Apesar de se decomporem mais rápido, esses últimos se espalham com facilidade pelo ambiente e migram para as folhas das plantas.
O que isso significa para você?
Os chamados “químicos eternos” estão em todo lugar: desde panelas antiaderentes até cosméticos. O grande problema é que eles não se degradam no ambiente. Podem persistir por milhares de anos e se acumulam no nosso organismo através da comida contaminada.
A ciência já comprovou que a exposição a esses compostos eleva o risco de doenças graves como câncer, problemas hepáticos e distúrbios da tireoide.
Tem solução?
Enquanto os pesquisadores buscam respostas, os consumidores já podem tomar algumas atitudes práticas para reduzir a exposição:
- Substitua panelas antiaderentes arranhadas por opções de ferro fundido ou aço inoxidável
- Dê preferência a alimentos orgânicos e procure saber a origem dos produtos
- Fique de olho em recalls e alertas sanitários sobre contaminantes em alimentos
A pressão do consumidor também tem funcionado: várias empresas já começaram a eliminar voluntariamente os PFAS de seus produtos. Mas especialistas alertam que ainda tem um longo caminho pela frente até conseguirmos tirar esses “inquilinos indesejados” da nossa cadeia alimentar.
O importante é não entrar em pânico, mas sim ficar atento. A ciência avança a cada dia e novas soluções vão aparecer, mas enquanto isso, informação é nossa melhor proteção.