Queijos de 7 estados brasileiros brilham no World Cheese Awards 2025 (WCA), na Suíça
Foto: Divulgação/Biopark

O Brasil conquistou 50 medalhas no World Cheese Awards 2025 (WCA), o maior concurso de queijos do planeta. A competição realizada em Berna, na Suíça, reuniu 5.244 queijos de 46 países e distribuiu medalhas Super Ouro, Ouro, Prata e Bronze.

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Entre os premiados brasileiros, cinco queijos receberam ouro, 19 levaram prata e 26 garantiram bronze. Os medalhistas representam sete estados: São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A premiação reuniu desde grandes indústrias até pequenos laticínios artesanais.

Queijos de ouro destacam diversidade da produção nacional

O Parmesão Faixa Azul 12 meses, da Vigor Alimentos, conquistou medalha de ouro. A empresa também levou prata com seu Gorgonzola Faixa Azul, consolidando presença no mercado internacional.

A Tirolez garantiu ouro com o Queijo Azul Tirolez. A marca catarinense ainda conquistou prata com o Parmesão 12 meses e bronze com três produtos: Creme de ricota, Queijo Cremíssimo e Queijo provolone curado defumado.

Os Queijos Possamai brilharam com duas medalhas de ouro: Queijo da Nona e Queijo do Bispo (prata). A queijaria demonstra excelência na produção artesanal.

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O Queijo Ribeirão, da catarinense Queijo com Sotaque, levou ouro. A marca também conquistou prata com o Queijo Laranjal, reforçando a qualidade dos produtos de Santa Catarina.

A Serra das Antas completou o pódio de ouro com o Queijo tipo Reblochon. A queijaria ainda acumulou três pratas (Gorgonzola Duplo Creme, Queijo Lua Cheia e Queijo tipo Gorgonzola Doce) e um bronze (Queijo Primitivo), totalizando cinco medalhas.

Projeto paranaense soma 72 premiações internacionais

Um projeto de Toledo, no Oeste do Paraná, conquistou três das 50 medalhas brasileiras. O Biopark Educação desenvolve tecnologias que transformam leite de pequenos produtores em queijos finos premiados internacionalmente.

Abaporu, Garoa e Saint. Foto: Divulgação/Biopark

O queijo Abaporu recebeu medalha de prata. Sua massa mole de leite de vaca com casca lavada passa por maturação superior a 30 dias. O produto apresenta notas de baunilha, amêndoa, caramelo e especiarias como canela e cravo. Em setembro, o Abaporu já havia garantido ouro no Mondial du Fromage, na França. A Queijaria Flor da Terra vai lançar o produto em breve.

O Saint Marcellin, também premiado com prata, é um queijo comercial da Flor da Terra que já acumula reconhecimento. Ficou entre os dez melhores do Brasil em 2023 no concurso Queijos Brasil. Sua textura cremosa e sabor amanteigado remetem aos clássicos franceses, com notas de cogumelos frescos e ervas.

O Garoa Tropical conquistou bronze. O queijo utiliza enzimas específicas de frutas cítricas para coagulação, resgatando técnicas antigas. Essa metodologia promove sabor único e textura diferenciada. A Flor da Terra também vai comercializar este produto.

As três medalhas somam-se às dezenas de conquistas do Projeto de Queijos Finos do Biopark Educação, totalizando 72 medalhas em premiações nacionais e internacionais. Os resultados chamam atenção de investidores e formuladores de políticas públicas.

Laticínios artesanais surpreendem júri internacional

Os Laticínios São João, de Minas Gerais, conquistaram seis medalhas. O Cruzília Maturado e a Burrata de Búfala levaram prata. Os bronzes foram: A Lenda, Azul de Minas, queijo maturado com mofo azul e limão, Burrata de Búfala Defumada, Queijo Tipo Quark e Santo Casamenteiro.

A Pomerode Alimentos garantiu quatro medalhas. O Queijo Morro Azul 125g e o Vale do Testo 12 meses levaram prata. Os bronzes foram Morro Azul 500g, Queijo 5 e Vale do Testo 6 meses.

A Queijaria Belafazenda conquistou quatro medalhas de prata: Amazonito, Benzinho, Goró e Pampa. A produção demonstra consistência e qualidade.

A Quatá Alimentos levou três medalhas. O Queijo tipo estepe conquistou prata, enquanto o Prato Esférico e o Provolone garantiram bronze.

A Queijaria Alpina, de Goiás, conquistou duas medalhas de prata: Queijo Alpino 1 ano e Queijo Stephan 12 meses.

Outras queijarias também brilharam na competição. A Casa Bianchi levou prata com o Vecchio Formaggio. A Queijaria Boca da Serra conquistou prata com o Serramar. A Queijaria Santa Vitória garantiu prata com o Parahyba.

Entre os bronzes, destacam-se o Gigante da Mantiqueira (Capril do Bosque), o Queijo Neblina 3 meses (Vale do Vento), o Brie (Vermont Queijos), o Pecorino Toscano maturado 270 dias (Casa da Ovelha), a Ricota Fresca de Búfala Almeida Prado (Laticínio Bufala Almeida Prado) e o Tulha Reserva (Fazenda Atalaia).

Júri avaliou queijos às cegas por critérios técnicos

Um total de 265 especialistas formaram o júri do World Cheese Awards 2025. As avaliações ocorreram às cegas e os queijos foram analisados por aparência, aroma, corpo, textura e sabor. Esta foi a maior edição da premiação até o momento.

Os juízes foram divididos em equipes de duas a três pessoas para avaliar diferentes mesas. Entre os queijos que receberam ouro em cada mesa, a equipe selecionou um exemplar para medalha Super Ouro. Ao todo, 110 queijos receberam essa distinção em 2025.

O Campeão Mundial foi o Gruyère AOP Vorderfultigen Spezial, produzido na Suíça com 18 meses de maturação. O júri elogiou a textura cristalina e o sabor encorpado e umami do queijo.

Consultoria gratuita impulsiona pequenos produtores paranaenses

O Projeto de Queijos Finos do Biopark oferece consultoria integral gratuita aos pequenos produtores. O apoio vai desde análise do leite até desenvolvimento de identidade visual, rotulagem e acesso ao mercado.

Kennidy de Bortoli, pesquisador do Laboratório de Queijos Finos e eleito melhor queijeiro do Brasil, explica o modelo. “Os produtores associados recebem suporte técnico integral e gratuito. O acompanhamento vai desde a melhoria da qualidade do leite até a produção dos queijos. Transferimos todas as tecnologias que desenvolvemos no laboratório”, afirma.

Victor Donaduzzi, presidente do Biopark, Carolina Trombini, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e Ana Bortoluzzi Donaduzzi, gerente comercial da queijaria Flor da Terra. Foto: Divulgação/Biopark

O projeto monitora continuamente os padrões de qualidade. Essa metodologia assegura que os produtos mantém suas características e excelência.

Carolina Trombini, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Biopark Educação, detalha o apoio oferecido. “O projeto oferece orientação técnica para investimentos em infraestrutura. Auxiliamos na escolha de equipamentos e layouts mais adequados, conforme os objetivos de cada produtor”, explica.

A equipe realiza encontros bimestrais que abordam temas estratégicos. Marketing digital, vendas, abertura de novos mercados e boas práticas de fabricação fazem parte da capacitação. “O produtor conta com suporte em todas as etapas desse novo empreendimento”, completa Trombini.

Passionata abre caminho para expansão estadual

Em 2024, o queijo maturado Passionata, tecnologia do Projeto de Queijos Finos do Biopark, recebeu título de melhor da América Latina. O produto ficou em 9º lugar no ranking mundial do World Cheese Awards 2024. A Queijaria Flor da Terra produz o Passionata em Toledo.

O projeto atualmente conta com 27 produtores no Oeste do Paraná. Planos de expansão estadual já estão em andamento, com apoio do governo paranaense.

Carmen Donaduzzi, idealizadora do projeto, destaca o potencial de replicação. “Criamos um modelo escalável, com baixa barreira de entrada para os produtores e retorno rápido. O projeto serve de referência de política integrada de desenvolvimento rural, segurança alimentar e inovação tecnológica no campo”, afirma.