Resumo da notícia
- As exportações brasileiras de doce de leite cresceram 441% entre 2016 e 2021, mostrando a crescente valorização do produto no mercado internacional.
- Minas Gerais domina a produção nacional, respondendo por 58,1% das 38,4 mil toneladas produzidas no período, graças à tradição e conhecimento técnico locais.
- Em setembro de 2024, as exportações brasileiras de lácteos subiram 218,96% em relação a agosto, refletindo a consolidação do doce de leite no mercado global.
- O consumidor valoriza produtos com rastreabilidade, autenticidade e história, beneficiando marcas que investem em transparência e processos artesanais, especialmente pequenos produtores.
O doce de leite brasileiro deixou de ser apenas aquela memória afetiva da infância pra virar uma categoria em franca expansão. E com números que impressionam. Entre 2016 e 2021, as exportações do produto cresceram impressionantes 441%, segundo dados do grupo de pesquisa Inovaleite, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O movimento mostra que o mercado internacional tá descobrindo (ou redescobrindo) o que os brasileiros sempre souberam: doce de leite é coisa séria.
Minas Gerais segue como protagonista absoluto dessa história. O estado produziu 38,4 mil toneladas no período analisado, o que representa 58,1% de tudo que foi rastreado nacionalmente. A liderança mineira não é coincidência. E reflete décadas de tradição, conhecimento técnico e uma cultura láctea que atravessa gerações.
Os números mais recentes só confirmam o bom momento. Em setembro de 2024, as exportações brasileiras de lácteos subiram 218,96% em relação a agosto e superaram em 96,77% o resultado de setembro de 2023, conforme levantamento do Portal Agro2. A trajetória ascendente indica que o doce de leite conquistou espaço próprio no mercado global, longe da sombra de outros derivados lácteos.
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Consumidor quer verdade, história e transparência
Quem acompanha o setor de perto percebe uma mudança importante no perfil do consumidor. As pessoas querem saber de onde vem o que comem, como os produtos são feitos e qual a história por trás da marca. Esse comportamento fortalece empresas que trabalham com autenticidade e rastreabilidade.
“Esse movimento acompanha o comportamento do consumidor brasileiro, que tem ampliado o interesse por produtos com rastreabilidade, verdade e história”, explica Rosi Barbosa, porta voz da Rocca, empresa mineira do setor. Segundo ela, esse ambiente cria condições favoráveis para marcas que valorizam suas origens e processos.

A empresa nasceu em Minas Gerais com a proposta de elevar o padrão de qualidade do doce de leite nacional. E agora colhe os frutos de um mercado que finalmente reconhece o valor agregado do produto.
Agregação de valor acessível para pequenos produtores
Do ponto de vista técnico, o doce de leite apresenta vantagens competitivas importantes. O Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) aponta a categoria como uma das formas mais eficazes de agregar valor ao leite, especialmente para pequenos e médios produtores rurais.
A razão é simples: fabricar doce de leite exige investimentos menores em equipamentos quando comparado a outros derivados lácteos. Além disso, o processo mantém características artesanais que diferenciam o produto final e criam valor percebido pelo consumidor. Essa combinação torna o doce de leite uma alternativa viável e lucrativa para quem busca diversificar a produção.
O cenário atual marca uma transição clara. O doce de leite brasileiro deixa de ocupar apenas o espaço da tradição regional e passa a se consolidar como categoria econômica relevante, com identidade própria e potencial exportador comprovado.
O mercado mundial está descobrindo o que Minas Gerais sempre soube. E os números provam que essa descoberta veio pra ficar.