Foto: divulgação - Agência Senado/Marcos Oliveira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que o acordo entre Mercosul e União Europeia será assinado em 20 de dezembro. Ele anunciou a data neste domingo (23), durante entrevista concedida na Cúpula do G20, em Joanesburgo, na África do Sul.

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Lula destacou que o Brasil preside o Mercosul neste semestre e prioriza a conclusão do acordo. Ele afirmou que o entendimento envolve 722 milhões de pessoas e movimenta US$ 22 trilhões em Produto Interno Bruto. Ele também ressaltou que o acordo pode se tornar o maior pacto comercial do mundo.

O que acontece após a assinatura?

O presidente explicou que, após a assinatura, os países ainda terão várias tarefas para iniciar os benefícios previstos. Os blocos concluíram as negociações em dezembro passado, após 25 anos de conversas.
A UE e os países do Mercosul firmarão dois textos. O primeiro terá caráter econômico-comercial e vigência provisória. O segundo será o acordo completo. Em setembro, a Comissão Europeia enviou os documentos ao Parlamento Europeu e aos estados-membros.

O Parlamento precisa aprovar o acordo por maioria simples. Países como a França podem resistir a alguns termos. Além disso, pelo menos 15 dos 27 membros da UE devem ratificar o texto, representando 65% da população do bloco. Esse processo pode levar anos. Quando aprovado, o acordo definitivo substituirá o texto provisório.

Os países do Mercosul também precisam enviar o documento aos seus parlamentos. No entanto, a entrada em vigor é individual. Assim, cada país poderá aplicar o acordo após sua própria aprovação.

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França critica o acordo

A França critica o texto e chama o acordo de inaceitável. O país alega que os termos não atendem a exigências ambientais da produção agrícola e industrial. Lula rebateu e disse que a França adota postura protecionista em defesa de seus agricultores.
Agricultores europeus protestaram várias vezes contra o pacto. Eles afirmam que o acordo favorecerá a importação de produtos baratos do Mercosul, como carne bovina, sem os padrões exigidos pela UE. A Comissão Europeia nega o risco.

O Brasil defende que qualquer regra europeia esteja alinhada com o acordo. A Alemanha e a Espanha, entre outros defensores, afirmam que o pacto pode compensar perdas comerciais causadas por tarifas dos Estados Unidos e reduzir a dependência da China, especialmente em minerais essenciais.
Para os apoiadores europeus, o Mercosul é um mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos. Além disso, o acordo garante acesso a minerais estratégicos para a transição verde, como o lítio metálico.

Os europeus também destacam ganhos agrícolas, como maior acesso ao Mercosul e tarifas reduzidas para queijo, vinho e presunto.
Lula afirmou que a assinatura ocorrerá em Brasília, durante a Cúpula de Líderes do Mercosul, em 20 de dezembro. Ele disse que o presidente do Paraguai não poderá participar nesse dia. Assim, a reunião de chefes de Estado deve ocorrer no início de janeiro, em Foz do Iguaçu.
“Possivelmente a gente marque a reunião para o começo de janeiro e assine no dia 20 de dezembro”, afirmou Lula.