Resumo da notícia
- Um estudo global da Lely com 13.816 fazendas confirma que a automação combinada de ordenha e alimentação aumenta em média 7,4% a produção diária de leite por vaca, superando propriedades que automatizam só a ordenha.
- A pesquisa aponta que o acesso contínuo ao alimento estimula o comportamento natural das vacas, aumentando as visitas aos robôs de ordenha e melhorando a produção e digestão.
- Na Cabanha Stefini (RS), a automação resultou em aumento de 20% na produção de leite e redução da mão de obra, além de melhorar o bem-estar e a estabilidade do rebanho.
- Especialistas destacam que a automação alia tecnologia, bem-estar animal e sustentabilidade, tornando a pecuária leiteira mais eficiente e produtiva com rotina constante e menos tarefas repetitivas.
Um estudo global conduzido pela Lely analisou dados de 13.816 fazendas leiteiras e comprovou o que produtores rurais já suspeitavam: a automação combinada de ordenha e alimentação aumenta significativamente a produtividade. Os números mostram um ganho médio de 7,4% na produção diária de leite por vaca quando comparadas propriedades que automatizam ambos os processos com aquelas que robotizam apenas a ordenha.
A pesquisa, realizada entre janeiro de 2023 e maio de 2024, avaliou indicadores como volume de produção, frequência de ordenhas e comportamento das vacas em relação aos sistemas automatizados. Os resultados apontam uma correlação direta entre a disponibilidade constante de alimento e o aumento nas visitas voluntárias aos robôs de ordenha.
O segredo está na rotina
Segundo Letícia Fernandes, especialista da equipe Farm Management Support da Lely América Latina, a tecnologia não substitui boas práticas — ela as aprimora. “Quando o básico é feito com precisão e constância, o resultado aparece em todos os níveis. A vaca se alimenta melhor, ordenha com mais frequência e o produtor ganha eficiência”, explica.
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O princípio é simples: vacas que têm acesso contínuo ao alimento seguem seu comportamento natural de se alimentar em pequenas porções ao longo do dia. Isso reduz períodos de jejum, melhora a digestão e, consequentemente, estimula a produção leiteira.
Caso brasileiro comprova eficácia
Na Cabanha Stefini, localizada em Sertão (RS), os resultados práticos superaram as expectativas. A propriedade mantém 60 vacas holandesas em lactação sob gestão de Diogo Stefini, zootecnista especializado em nutrição bovina.
“O empurrador automático de comida fez as vacas voltarem mais vezes ao cocho. Em menos de 30 dias, registramos um aumento de 4 litros de leite por animal apenas com essa mudança”, relata o produtor.
Após implementar também a ordenha robotizada, a fazenda alcançou um incremento total de aproximadamente 20% na produção. Além disso, houve redução significativa na demanda por mão de obra. “Hoje temos mais tempo para cuidar das bezerras e do planejamento estratégico. As vacas estão mais calmas, com menos estresse, o que trouxe estabilidade ao rebanho”, complementa Stefini.
Tendência global em sustentabilidade
Para Letícia Fernandes, os dados reforçam uma tendência mundial de integração entre tecnologia, bem-estar animal e rentabilidade econômica. “Eliminar tarefas repetitivas e garantir constância na rotina transforma o sistema em um ambiente produtivo 24 horas por dia, com animais mais saudáveis e ativos”, afirma.
A especialista ressalta que, embora os números representem médias globais, os resultados podem variar conforme manejo, manutenção dos equipamentos e frequência de uso. “Mesmo com variações, as tendências mostram que a automação se tornou aliada indispensável da eficiência e sustentabilidade na pecuária leiteira moderna”, conclui.
A pesquisa reforça o posicionamento da tecnologia como ferramenta estratégica para o futuro do agronegócio, combinando produtividade econômica com práticas de bem-estar animal. Uma demanda crescente tanto do mercado quanto de consumidores conscientes.