Resumo da notícia
- O Paraná registrou a maior safra de grãos de sua história, com 46,8 milhões de toneladas e um Valor Bruto de Produção de R$ 68 bilhões, impulsionada por clima favorável, aumento da área plantada e bom desempenho das culturas.
- A safra de inverno se destacou, especialmente o trigo e a aveia, que alcançou seu maior volume em uma década com 470 mil toneladas, contribuindo decisivamente para o recorde histórico da produção.
- Soja e milho lideram a produção, com o milho atingindo 21 milhões de toneladas e a soja com 92% das lavouras em boas condições, beneficiadas por clima estável e menor incidência de chuvas.
- A abundância de grãos barateia insumos para a pecuária, reduzindo custos na suinocultura e avicultura, enquanto o Paraná mantém a liderança nas exportações de frango, além de registrar crescimento em carnes bovina e de peru.
Imagine os campos paranaenses como um gigantesco cofrinho verde. Neste ano, esse cofre transbordou. O estado acaba de fechar a tampa da sua maior safra de grãos da história, um montante colossal de 46,8 milhões de toneladas que deve gerar um Valor Bruto de Produção (VBP) na casa dos R$ 68 bilhões. Os técnicos do Deral (Departamento de Economia Rural) confirmaram o recorde nesta quinta-feira (27), consolidando o ciclo 2024/25.
E o que abasteceu esse sucesso? Uma combinação vitoriosa. “A mistura entre clima mais favorável, aumento de área plantada e bom desempenho das culturas elevou o potencial produtivo do Estado”, explica Marcelo Garrido, chefe do Deral.
Enquanto a soja e o milho dominam o verão, foi a safra de inverno que deu um show à parte. O trigo comandou a temporada, com quase 817 mil hectares plantados. Mas a estrela surpresa veio da aveia. A cultura deu um salto, colhendo 470 mil toneladas – o maior volume da última década. “A aveia merece atenção e acaba contribuindo decisivamente para o recorde histórico”, comemora o engenheiro agrônomo do Deral, Hugo Godinho.
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Soja e milho: os gigantes que carregam a safra nas costas
Não dá pra falar do recorde sem destacar os pesos pesados. O milho paranaense, sozinho, atingiu a marca inédita de 21 milhões de toneladas. Já a soja, que praticamente concluiu o plantio em 5,58 milhões de hectares, segue com saúde de ferro: 92% das lavouras estão em condições consideradas boas. O clima estável, com menos chuvas, está ajudando as plantas a se desenvolverem com força total.
E essa fartura de grãos tem um efeito dominó fantástico.
O efeito cadeia: grãos baratos, proteínas mais fortes
Com tanto milho e farelo de soja no mercado, os custos de produção para a pecuária despencam. A suinocultura, por exemplo, registrou um dos seus menores custos do ano em outubro. A avicultura de postura também sente o alívio, melhorando a rentabilidade dos produtores de ovos.
O frango paranaense segue como líder nacional nas exportações, representando incríveis 40,9% do volume que o Brasil vende para o mundo. E as notícias são boas também para a carne bovina e até a de peru, que vive um momento de preços valorizados e volumes em alta.
Para além dos grãos: os desafios e as cores das frutas
Nem tudo são flores, ou melhor, nem tudo são grãos. No setor de hortaliças, o inverno longo e a falta de sol trouxe seus desafios. “Isso afeta diretamente o metabolismo das plantas”, observa o engenheiro Paulo Andrade, do Deral. Culturas como batata, cebola e tomate sentiram o impacto, com a cebola, por exemplo, tendo uma redução na área cultivada.
Mas para adoçar o cenário, as frutas de caroço estão em plena colheita. E a goiaba paranaense merece menção honrosa: o estado é o terceiro maior produtor do Brasil, com um crescimento estratosférico de 205,5% na produção nos últimos dez anos. Um sucesso que vai colorir ainda mais as gôndolas dos supermercados nas próximas semanas.
A safra recorde do Paraná não é só um número. É um ecossistema inteiro funcionando, do grão que alimenta o mundo à proteína que chega à mesa e a fruta que adoça o dia.