O preço do leite captado em março registrou a quinta alta consecutiva, alcançando R$ 2,3290 por litro na “Média Brasil” do Cepea. Essa valorização se deve à redução da oferta no campo, que deve continuar a sustentar os preços.
De acordo com pesquisas em andamento do Cepea, os valores do leite podem subir em torno de 5%, considerando-se a “Média Brasil”.
Essa alta consecutiva no preço do leite ao produtor é um reflexo da oferta limitada no campo, que se deve à combinação de fatores como seca e calor, além da retração das margens dos pecuaristas.
Isso tem acirrado a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores, tornando a oferta ainda mais escassa.
No entanto, a valorização do leite cru não foi repassada de forma igual para os preços dos derivados lácteos. As cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo subiram apenas 3,9% e 0,3% em março, respectivamente.
Isso ocorre porque os canais de distribuição pressionam os laticínios por preços mais baixos, dificultando o repasse das altas da matéria-prima.Além disso, as importações de lácteos continuam a influenciar o mercado.
Após três meses seguidos de queda, as importações voltaram a crescer em abril, enquanto as exportações caíram 60%. Isso resultou em um déficit de US$ 84,7 milhões.
A margem bruta dos produtores também beneficiou-se da valorização do leite. Em abril, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira recuou 1,88% na “Média Brasil”, enquanto o preço do leite pago ao produtor aumentou.
Essa combinação resultou em uma alta de 31% na margem bruta, equivalente a 12 centavos por litro de leite.
Embora a expectativa seja que o ritmo de valorização do leite ao produtor perca força em abril, a oferta limitada e a disputa entre laticínios devem manter os preços elevados.