A tecnologia Irrigapote, desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental, acaba de receber a certificação de tecnologia social na 12ª Edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social e Desafio para Reaplicação de Tecnologia Social.
O sistema, que oferece irrigação de baixo custo para a agricultura familiar a partir do aproveitamento de águas das chuvas, concorreu com mais de 1.012 iniciativas de todo o território nacional e se destacou entre as 87 tecnologias sociais certificadas.
Irrigapote: uma solução sustentável para a agricultura familiar
Proposto pela pesquisadora Lucieta Martorano, agrometeorologista da Embrapa Amazônia Oriental, o Irrigapote utiliza um artefato milenar e referência na cultura indígena amazônica, o pote de barro, como armazenador de águas pluviais.
O pote propicia irrigação durante períodos de escassez hídrica a diversos tipos de culturas agrícolas, como fruteiras e hortaliças.”O foco do projeto é a agricultura de base familiar em pequenas e médias propriedades, possibilitando continuidade de produção de alimentos, mesmo em período de grande restrição hídrica, garantindo renda e segurança alimentar”, explica Lucieta Martorano.
Impacto positivo na produtividade e renda dos agricultores
A família Rocha, produtora de fruteiras e hortaliças na comunidade de Lavras, em Santarém (PA), é um exemplo de sucesso da adoção do Irrigapote. Desde 2016, quando foram contemplados com uma Unidade de Referência Tecnológica do sistema, as perdas com as secas diminuíram drasticamente na propriedade.
“Na propriedade, os potes são enterrados próximos às fruteiras e ainda servem para fornecer água às hortaliças e oleaginosas, como o gergelim, em forma de mandalas, aumentando a diversidade de produtos e renda”, destaca Martorano.
Reconhecimento e expansão da tecnologia
A certificação da Fundação Banco do Brasil é um importante reconhecimento para a tecnologia Irrigapote, evidenciando seu impacto social e potencial de expansão.
Segundo Lucieta Martorano, a expectativa é ver o sistema se tornar uma política pública, auxiliando no combate à fome e à pobreza, além de gerar riqueza e autonomia para os produtores rurais.”
A certificação reconhece as tecnologias que realmente geram impacto e benefícios sociais. Ela traz um novo ânimo ao projeto, vislumbrando possibilidades de frentes amplas de adoção e novos canais de financiamento”, comemora a pesquisadora.
O Irrigapote já é utilizado com sucesso no oeste do Pará e ganha expansão por meio de parcerias com universidades e entidades de assistência técnica, como a Emater. A tecnologia pode ser aplicada em todas as regiões do país, contribuindo para a sustentabilidade e o desenvolvimento da agricultura familiar.