Para quem gosta de proteínas, a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) apresenta dois novos concentrados proteicos de lentilha e grão-de-bico, projetados para diversificar e aumentar a disponibilidade de ingredientes em alimentos plant-based. Essas inovações se somam ao concentrado proteico de feijão, criado em 2023, e são semelhantes aos concentrados de soja e ervilha disponíveis no mercado.
O concentrado de lentilha possui 80% de proteína (80 gramas por 100 gramas), enquanto o de grão-de-bico tem 73% de proteína (73 gramas por 100 gramas). Esses ingredientes aumentam o teor proteico de produtos vegetais, como hambúrgueres, empanados, salsichas, linguiças, bebidas vegetais e iogurtes, além de serem úteis na panificação e suplementos alimentares.
A pesquisadora Janice Lima destaca que as matérias-primas usadas, como pulses, são ideais devido ao seu teor proteico natural de 20% a 30%. “Entre as pulses, o concentrado proteico de ervilha é conhecido, mas outras leguminosas são menos estudadas. O grão-de-bico e a lentilha estão ganhando força no Brasil pela versatilidade de produção”, afirma Lima. Esses concentrados podem substituir ingredientes derivados de soja e melhorar características tecnológicas dos alimentos.
A pesquisadora Caroline Mellinger explica que ambos os concentrados têm altos teores de proteínas e aminoácidos essenciais, conforme recomendações da Anvisa e FAO. “As proteínas foram testadas em simulações de digestão humana, garantindo sua absorção pelo intestino e contribuição ao aporte proteico necessário”, diz Mellinger.
As proteínas de grão-de-bico e lentilha são boas formadoras de espuma e emulsão, apesar de serem pouco solúveis em pHs neutros. “Os resultados demonstraram que nossos ingredientes são similares a outros do mercado, confirmando seu potencial para produtos alimentícios e suplementos”, informa a pesquisadora.
Sustentabilidade e aproveitamento de resíduos
A pesquisadora Melicia Galdeano destaca que estudaram os resíduos da extração das proteínas, resultando em amidos de lentilha e grão-de-bico com 92% de pureza, além de ingredientes ricos em fibras e carboidratos. “Essa abordagem otimiza o uso do material seguindo práticas de economia circular, com menor impacto ambiental”, ressalta Galdeano.
Esses ingredientes têm aplicações em diversos produtos processados, contribuindo para o enriquecimento de fibras e melhoria da textura. A pesquisa e desenvolvimento contínuos da Embrapa visam oferecer soluções inovadoras e sustentáveis para a indústria de alimentos.
Mercado Plant-based, o que é?
O mercado de alimentos plant-based tem sido um dos mais dinâmicos nos últimos anos, com uma crescente demanda por produtos que sejam saudáveis, sustentáveis e com melhor sabor e textura. Segundo dados recentes, as vendas de alimentos plant-based nos EUA caíram 12% em 2023, enquanto as vendas de leite plant-based aumentaram 1%. No entanto, a tendência é que os preços sejam um fator crucial para o crescimento do mercado. Muitos consumidores ainda se sentem desencorajados pelas altas taxas de inflação.
Ainda assim, a indústria de alimentos plant-based tem se adaptado às mudanças no mercado, oferecendo uma variedade crescente de opções para os consumidores. Os produtos mais populares incluem leite plant-based, que alcançou um valor de US$ 2,1 bilhão em vendas em 2021, e produtos de carne plant-based, como burgers e nuggets, que cresceram 12% em 2021.
A expectativa é que a indústria continue a se expandir, com a introdução de novos produtos e formatos que atendam às necessidades dos consumidores. Além disso, a sustentabilidade e a biodiversidade também são fatores importantes que atrairão consumidores para os alimentos plant-based.
Em resumo, o mercado de alimentos plant-based é um setor em crescimento, com uma crescente demanda por produtos saudáveis e sustentáveis. Embora haja desafios, como preços elevados, a indústria tem demonstrado sua capacidade de se adaptar e oferecer uma variedade crescente de opções para os consumidores