Os estados de São Paulo e Minas Gerais, maiores produtores de laranja do Brasil, enfrentam uma safra desafiadora devido às condições climáticas adversas. Chuvas irregulares, secas prolongadas e altas temperaturas têm afetado a produção e a qualidade das frutas. Isso tem potencial de impacto significativo no mercado global, já que o Brasil é o maior produtor de laranja do mundo.
A irregularidade das chuvas comprometeu o desenvolvimento das laranjeiras. Em São Paulo, chuvas abaixo da média no início do ano causaram uma floração irregular, resultando em frutos de tamanhos variados e menor qualidade. Em Minas Gerais, as chuvas intensas em períodos críticos provocaram doenças fúngicas, como a pinta preta, afetando a produção e o rendimento das colheitas.
A seca prolongada e as altas temperaturas, especialmente durante o verão, aumentaram o estresse hídrico nas plantas. As laranjeiras, submetidas a essas condições, reduziram a produção de frutos e apresentaram queda prematura das laranjas, comprometendo a safra. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), a previsão é de uma redução significativa na colheita deste ano.
Repercussão no Mercado
Com a redução na oferta de laranjas, o preço dos produtos derivados, como suco de laranja, pode aumentar. “A diminuição da produção impacta diretamente o mercado interno e externo. Enquanto eleva os preços, e diminui a competitividade do Brasil no cenário internacional”, afirma João Sampaio, ex-secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, em entrevista recente.
Para mitigar os efeitos climáticos adversos, produtores têm adotado práticas de manejo mais sustentáveis, como a irrigação eficiente e o uso de técnicas de controle biológico de pragas. No entanto, essas medidas requerem investimentos significativos, nem sempre acessíveis a todos os produtores.
Especialistas apontam que a adaptação às mudanças climáticas é crucial para a sustentabilidade da produção de laranja no Brasil. “Precisamos investir em pesquisa e desenvolvimento de cultivares mais resistentes às condições climáticas extremas e em tecnologias de manejo que garantam a produtividade mesmo em anos difíceis”, ressalta Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, em declaração ao jornal Estadão.
A combinação de fatores climáticos adversos e a necessidade de adaptação tecnológica coloca os produtores de SP e MG diante de grandes desafios, com impactos na safra de laranja que se estendem do campo até o mercado global.