Nesse mês, Brasil e China comemoram 50 anos de relações diplomáticas. Uma parceria que se fortaleceu ao longo das décadas e fez da China o principal parceiro comercial do Brasil. Em agosto de 1974, os dois países deram início a uma jornada de cooperação que se reflete hoje no crescimento exponencial do comércio bilateral.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores (MRE), a relação entre Brasil e China está estruturada na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), criada em 2004. Em 2012, entretanto, essa parceria foi elevada ao nível de parceria estratégica global, e este ano marca os 20 anos da criação da COSBAN.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou a determinação do presidente Lula em retomar as boas relações diplomáticas com outros países. “Nestes 50 anos, tivemos muitas oportunidades comerciais com a China, tanto que ela se tornou nosso maior parceiro. Aqui no Mapa trabalhamos para que tenhamos mais progressos bilaterais econômicos”, afirmou.
Crescimento das exportações agrícolas
Entre agosto de 2023 e julho de 2024, a China foi o principal destino das exportações brasileiras do agronegócio, totalizando US$ 58,60 bilhões, um aumento de 10% em comparação ao período anterior. Porém, em 2023, houve um recorde de exportações de mais de US$ 60 bilhões, um incremento de mais de US$ 9 bilhões em relação a 2022.
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No primeiro semestre de 2024, o Brasil exportou US$ 28,44 bilhões em produtos agrícolas para a China. Os principais itens exportados são soja, milho, açúcar, carnes (bovina, de frango e suína in natura), celulose e algodão.
Além disso, um fator importante para o crescimento das exportações foi a habilitação, pela China, de 38 novas plantas frigoríficas brasileiras em março de 2024, sendo 34 frigoríficos e 4 entrepostos comerciais, o maior número de habilitações concedidas. O número de empresas brasileiras habilitadas aumentou de 106 para 144.
Importações e balança comercial
Assim como exportou, o Brasil também importou produtos da China, como produtos florestais e têxteis, somando aproximadamente US$ 1,18 bilhão. Roberto Perosa, secretário da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa (SCRI), ressaltou a importância dessa relação bilateral. “As relações diplomáticas entre Brasil e China, especialmente sob a gestão do presidente Lula e do ministro Carlos Fávaro, alcançaram um patamar sem precedentes. Da diplomacia bem-sucedida, colhemos os frutos de negociações comerciais robustas, que consolidaram a China como o nosso principal parceiro estratégico no agronegócio.”
A relação comercial entre Brasil e China tem evoluído de forma significativa ao longo das últimas décadas, tornando-se assim muito importante para ambos os países.
Evolução com o passar das décadas
Nos anos 1970, o Brasil e a China estabeleceram relações diplomáticas formais, marcando o início de uma relação comercial ainda tímida. Naquela época, o comércio entre os dois países era limitado, com o Brasil exportando principalmente commodities agrícolas e importando produtos manufaturados da China.
Com a abertura econômica chinesa nos anos 1990, o comércio bilateral começou a crescer de forma mais expressiva. A China passou a ser um importante destino para as exportações brasileiras, principalmente de soja, minério de ferro e petróleo. A partir de 2001, com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), essa relação comercial se intensificou. Em 2009, a China superou os Estados Unidos como o principal destino das exportações brasileiras.
Explosão comercial na virada do século
Nos anos 2000, o comércio entre Brasil e China experimentou uma verdadeira explosão. A China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, dominando as exportações brasileiras de commodities e as importações de produtos manufaturados chineses, como eletrônicos e maquinários. Em 2018, o comércio bilateral ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões.
Durante a década de 2010, essa parceria se consolidou ainda mais, com um aumento significativo nos investimentos chineses no Brasil, especialmente nos setores de energia, infraestrutura e agronegócio. A relação comercial se tornou uma base sólida para o crescimento econômico brasileiro, especialmente em períodos de crise global.
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Nos anos mais recentes, a relação Brasil-China continuou a se fortalecer, com o comércio bilateral mantendo-se robusto, especialmente no setor de commodities. No entanto, surgiram novos desafios, como a necessidade de diversificação das exportações brasileiras, indo além das commodities para incluir produtos com maior valor agregado, como carnes processadas e produtos químicos.
A pandemia de COVID-19 ressaltou a importância dessa relação, com a China se tornando um dos principais fornecedores de insumos médicos e vacinas para o Brasil. O futuro dessa parceria dependerá de vários fatores, incluindo a evolução das políticas comerciais globais e a capacidade do Brasil de agregar valor às suas exportações.
A evolução da relação comercial entre Brasil e China demonstra como a integração econômica pode ser benéfica para ambos os países. Apesar das diferenças culturais e políticas, isso aponta para a importância dessa parceria no cenário econômico global.
Perspectivas futuras
Para manter o diálogo e as boas relações comerciais, a China é o único país que conta com dois postos de adidos agrícolas brasileiros em Pequim. O ministro Carlos Fávaro já realizou duas missões ministeriais à China. A última em junho deste ano, em comitiva com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Durante essa missão, o Governo Federal fechou um acordo para promover o café brasileiro na maior rede de cafeterias chinesa. Apenas essa ação preve a compra de aproximadamente 120 mil toneladas de café.
Um diálogo frutífero com a China, que caminha para se tornar a maior economia do mundo, permite avanços significativos como a expansão de exportações de produtos-chave. Dessa forma, fortalecendo ainda mais o papel do Brasil no cenário global do agronegócio.