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Da seca ao vinho – Agreste pernambucano se torna produtor de vinhos finos

Henrique RodartePor Henrique Rodarte22/09/2024
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A produção de vinhos no Brasil tem ganhado destaque nas últimas décadas, tornando-se uma atividade econômica importante, especialmente na região Sul do país. Até agora, oss estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são os principais responsáveis pela vitivinicultura brasileira, com o Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, sendo uma das áreas mais renomadas.

O clima temperado e a diversidade de solos da região favorecem o cultivo de diversas variedades de uvas, como Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay. Além disso, a viticultura brasileira tem se destacado pela adoção de técnicas modernas e pela busca por qualidade, resultando em vinhos que conquistam mercados internacionais. Com um crescente interesse por enoturismo, a produção de vinho no Brasil não só contribui para a economia local, mas também promove a cultura e as tradições da região.

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Mas agora, o agreste pernambucano também está se tornando um novo polo de produção de vinhos finos, impulsionado por pesquisas inovadoras realizadas pela Embrapa Semiárido, em parceria com a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape) e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). Essas pesquisas identificaram seis variedades de uvas recomendadas para a região, comprovando a viabilidade do cultivo local e a qualidade dos vinhos produzidos.

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O estudo avaliou dez variedades de uvas europeias em cinco ciclos de produção no campo experimental do IPA, localizado em Brejão (PE). O objetivo foi analisar o comportamento agronômico das variedades, sua adaptação ao clima, a qualidade das uvas, seu potencial enológico e a viabilidade de se produzir vinhos em regiões que tradicionalmente não cultivam videiras.

Variedades de uvas aumentam opções do produtor

Entre as variedades indicadas para a produção de vinhos brancos, destacam-se a Sauvignon Blanc, Muscat Blanc à Petits Grains (conhecido como Moscato Branco) e Viognier. Para os vinhos tintos, as melhores opções são Syrah, Cabernet Sauvignon e Malbec. Segundo a pesquisadora Patrícia Coelho de Souza Leão, da Embrapa, essas cultivares apresentaram excelente desempenho agronômico, produtividade e potencial para vinificação. “Sauvignon Blanc, Syrah e Malbec foram as que mais se destacaram, com uma produtividade média de 10 toneladas por hectare, comparável à do Vale do São Francisco, um polo vinícola consolidado”, explica.

Além disso, as variedades Chardonnay, para vinhos brancos, e Pinot Noir e Petit Verdot, para vinhos tintos, também foram testadas. Contudo, essas uvas não se adaptaram bem às condições locais, apresentando baixo vigor, desenvolvimento vegetativo insatisfatório e produtividade reduzida, conforme explicou a pesquisadora.

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O projeto incluiu ainda a avaliação da qualidade dos vinhos produzidos com as uvas cultivadas. A vinificação ocorreu no Laboratório de Enologia da Embrapa Semiárido, utilizando métodos tradicionais em escala experimental. Os vinhos resultantes atenderam às normas da legislação brasileira para vinhos finos secos e obtiveram destaque em análises sensoriais realizadas pela equipe da Escola do Vinho, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), confirmando o grande potencial da produção vinícola no Agreste de Pernambuco.

A pesquisa tem sido fundamental para impulsionar o cultivo de uvas viníferas e a produção de vinhos de alta qualidade no Agreste pernambucano. Isso vem atraindo investidores interessados no enoturismo como uma nova oportunidade de negócios. “Os resultados estimulam a produção de uvas viníferas na região. Além de fomentar o turismo, a vitivinicultura diversifica a produção agrícola, especialmente para pequenos e médios agricultores, e oferece vinhos de qualidade diferenciada em comparação aos do Semiárido”, comenta Souza Leão.

As variedades abaixo foram avaliadas na pesquisa:

Muscat Blanc à Petits Grains

O ciclo produtivo foi de 129 dias, com uma produtividade média de 6 toneladas por hectare, podendo chegar a 8 toneladas em condições ideais. Cada planta produziu em média 12 cachos, com massa de 148 gramas, e um rendimento de polpa de 74,39%. O vinho branco seco dessa variedade destacou-se pela cor esverdeada com reflexos dourados, aromas tropicais, cítricos e florais, além de um corpo leve com equilíbrio entre álcool e acidez.

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Sauvignon Blanc

O ciclo fenológico dessa uva foi de 135 dias, com produtividade média de 11 toneladas por hectare, atingindo até 16 toneladas. Cada planta produziu cerca de 23 cachos, com massa média de 109 gramas e rendimento de polpa de 70,37%. O vinho produzido é límpido, com aromas de frutas brancas, tropicais e cítricas, e oferece um sabor equilibrado e persistente.

Viognier

O ciclo de produção variou entre 132 e 138 dias, com produtividade média de 5 toneladas por hectare, podendo alcançar até 6 toneladas. As plantas produziram, em média, 12 cachos de 94 gramas cada. O vinho seco de Viognier apresentou uma cor amarelo pálido, aromas complexos com notas de mel, baunilha e frutas cítricas, e sabor equilibrado.

Syrah

Com um ciclo fenológico de 144 dias, essa variedade teve uma brotação de 60,37% e produtividade de 10 toneladas por hectare, podendo atingir 14 toneladas. Os cachos pesavam cerca de 110 gramas e o rendimento de polpa foi de 61,73%. O vinho tinto seco apresentou cor rubi, aromas de frutas vermelhas e especiarias, corpo médio e boa persistência.

Cabernet Sauvignon

Com ciclo variando de 149 a 160 dias, essa variedade apresentou uma produtividade de 4 a 5 toneladas por hectare. Cada planta produziu cerca de 10 cachos de 105 gramas cada, com rendimento de polpa de 59,83%. O vinho dessa uva apresentou cor rubi com reflexos acastanhados, aromas de pimentão verde, especiarias, frutas vermelhas em compota e menta, com sabor equilibrado e corpo médio.

Malbec

O ciclo fenológico da Malbec foi de 146 dias, com uma brotação média de 54,65% e produtividade de 10 toneladas por hectare, podendo chegar a 18 toneladas em condições ideais. Os cachos dessa variedade tinham uma massa média de 140 gramas. O vinho tinto seco jovem produzido a partir da Malbec apresentou coloração rubi com reflexos violáceos, brilho intenso e boa limpidez. Os aromas se destacaram por notas de frutas vermelhas e negras, com um toque floral. O sabor era frutado, com corpo leve, resultando em um vinho equilibrado e agradável ao paladar.

União entre pesquisa e empreendedorismo

A pesquisa desenvolvida pela Embrapa Semiárido deu início ao surgimento de uma nova região vinícola no Agreste pernambucano, especialmente na cidade de Garanhuns, ao comprovar a viabilidade do cultivo de uvas em áreas locais. Esse esforço uniu a ciência à iniciativa empresarial, revelando o potencial da vitivinicultura de altitude nessa região.

O médico e empresário Michel Moreira Leite foi pioneiro ao explorar esse potencial. Dono da vinícola Vale das Colinas, ele produz aproximadamente 6 mil garrafas de vinho por ano, já premiadas nacionalmente, tornando-se um exemplo de inovação no Agreste.

Sua jornada começou em 2013, quando ele e sua esposa adquiriram um terreno de 37 hectares na zona rural de Garanhuns, com a intenção de cultivar uvas viníferas. “Não sabíamos por onde começar, então fomos à Embrapa em busca de informações sobre a viabilidade técnica do projeto”, relembra Leite.

No centro de pesquisa, eles descobriram que já existiam experimentos em andamento sobre o cultivo de uvas viníferas no Agreste. A colaboração com a Embrapa foi essencial para o desenvolvimento do projeto piloto na região. Leite firmou um convênio de cooperação técnica, cedendo seu vinhedo para novos estudos.

A partir dessa parceria, em 2018, nasceu a Vale das Colinas. Inicialmente, foram plantadas as variedades Cabernet Sauvignon, Malbec e Muscat Petit Grain em uma área de 3,5 hectares. A primeira colheita, realizada em 2020, marcou o início das atividades de enoturismo da vinícola. Posteriormente, a área cultivada foi expandida para 14 hectares, introduzindo novas variedades, como Syrah, Chenin Blanc e Marselan.

Produção sustentável

Com foco na produção artesanal e sustentável, a Vale das Colinas posiciona-se como uma Vinícola Boutique, priorizando a colheita manual e promovendo visitas e eventos. “Não queremos mecanizar, pois a geração de empregos é um dos nossos compromissos”, afirma Leite.

Atualmente, a vinícola oferece cinco rótulos, entre eles três tintos — Cabana do Vale Reserva (Cabernet Sauvignon), Dona Elisa (Malbec) e Cabana do Vale (Cabernet Sauvignon) — e dois brancos — Dona Cecília (Muscat Blanc à Petits Grains) e Ciranda (Sauvignon Blanc). As primeiras safras foram vinificadas com o apoio da Embrapa e do Instituto Federal do Sertão, em Petrolina. Desde a terceira safra, a vinificação passou a ser feita na própria propriedade, com a última safra resultando em 19.500 garrafas.

Os experimentos e análises comprovaram a viabilidade da produção local e a qualidade dos vinhos produzidos. Foto: Edmea Ubirajara

Leite agora busca reduzir custos e aumentar a competitividade do negócio, mas destaca que o impacto mais significativo foi o desenvolvimento humano na região. “Nossa vinícola fortaleceu a hotelaria e a gastronomia de Garanhuns, impulsionando o turismo local”, afirma.

Crescimento atrai novos produtores

O crescimento da vitivinicultura no Agreste já atraiu outros empreendedores. Como a Vinícola Mello, que começou suas operações em 2021, cultivando variedades como Malbec, Merlot, Cabernet Franc, Chenin Blanc, Chardonnay e Pinot Noir. Além disso, estão sendo realizados estudos com 12 novas variedades para expandir ainda mais o potencial vinícola da região.

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Patrícia Souza Leão, pesquisadora da Embrapa, destaca que o sucesso do enoturismo tanto no Agreste quanto no Semiárido pernambucano tem atraído a atenção de empreendedores de outros estados do Nordeste. Projetos de vinhedos estão em desenvolvimento em cidades como Camocim de São Félix, Bonito, Gravatá e Flores, em Pernambuco; Bananeiras, Natuba e Sousa, na Paraíba; e São José de Mipibu, no Rio Grande do Norte.

“As pesquisas da Embrapa e de seus parceiros têm fortalecido a vitivinicultura no Brasil, criando novas oportunidades de negócios e impulsionando o desenvolvimento econômico no interior do Nordeste”, conclui Souza Leão.

Condições climáticas

A vitivinicultura tropical no Brasil se desenvolve principalmente em duas condições climáticas: nas regiões de clima tropical e subtropical de altitude, e nas áreas semiáridas, como o Submédio do Vale do São Francisco. Neste último caso, as altas temperaturas possibilitam até duas colheitas anuais, conferindo uma vantagem competitiva significativa ao setor.

A vitivinicultura na região contribui para diversificar a produção de pequenos e médios agricultores, gera renda, favorece o turismo e tem atraído a atenção de empreendedores de outros estados do Nordeste. Foto: Edmea Ubirajara

A Microrregião de Garanhuns, localizada a quase 900 metros acima do nível do mar, destaca-se por seu clima de altitude. Ela apresenta uma temperatura média anual de 20,6 ºC. As características climáticas dessa região representam uma transição entre as condições observadas nas vinícolas do Semiárido e nas regiões Sul e Sudeste, permitindo a realização de apenas uma safra por ano.

Próximos passos

O cultivo de videiras voltado para a produção de vinhos finos no Agreste pernambucano está passando por um processo de aprimoramento para estabelecer um sistema de produção mais eficiente e competitivo. Esse é o próximo passo da pesquisa, conforme explica Souza Leão. Com base nos trabalhos já realizados, foram elaboradas recomendações para otimizar o cultivo na região.

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A pesquisadora enfatiza a importância da continuidade dos estudos conduzidos pela Embrapa em colaboração com outras instituições, como a Ufape e o IPA. Essas pesquisas abordam aspectos fundamentais do sistema de produção, incluindo técnicas de manejo, avaliação de novas cultivares e clones, redução do ciclo produtivo, práticas de poda e definição do momento ideal para a colheita. O objetivo é aumentar a produção e garantir uvas de maior qualidade para a elaboração de vinhos.

“A qualidade do vinho está diretamente relacionada ao manejo adequado das plantas. Portanto, o avanço dos estudos é essencial para melhorar a competitividade da cadeia produtiva na região. Isso contribuirá para diversificar a economia local, gerando novos empregos e renda”, conclui.

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