A produção de manga Palmer no Brasil faz parte de um setor bastante dinâmico. O país é o sexto maior produtor mundial de manga, com uma produção estimada em 1,2 a 1,5 milhão de toneladas por ano. Grande parte dessa produção é voltada para o consumo interno, com cerca de 20% destinada à exportação.
A manga Palmer é uma das variedades mais exportadas, especialmente para mercados como a União Europeia, Estados Unidos e Espanha. A maior parte da produção de manga no Brasil está concentrada no Nordeste, especialmente na região do Vale do São Francisco, que se destaca pela alta produtividade, chegando a 50 toneladas por hectare em algumas áreas.
Condições climáticas desfavoráveis impactaram a produção brasileira de mangas em 2023, resultando em uma leve queda. Ao mesmo tempo, a alta demanda externa e a redução da safra em países concorrentes, como Peru e Equador, aumentaram os preços e beneficiaram os produtores.
Manga Palmer no semiárido pode ter economia de água na irrigação
Um estudo realizado pela Embrapa Semiárido, em parceria com instituições locais, revelou que pomares de mangua Palmer no Submédio do Vale do São Francisco têm o potencial de reduzir em até 31% o consumo de água na irrigação. A pesquisa avaliou os padrões de uso de água em todas as fases do cultivo, desde a poda e indução floral até a maturação dos frutos.
Os pesquisadores estabeleceram novos coeficientes de cultivo (Kc) específicos para as condições climáticas da região, permitindo uma irrigação mais eficiente. O monitoramento constante dos fatores relacionados à irrigação é essencial para otimizar o uso da água no cultivo da mangueira Palmer. Um manejo hídrico adequado não só aumenta a qualidade da manga, mas também eleva o volume de produção.
Durante a fase de indução floral, o manejo do estresse hídrico pode resultar em uma produtividade média de 41 toneladas por hectare,. Isso supera a média regional. A pesquisadora Magna Moura, da Embrapa, explicou que muitos produtores aplicam mais água do que o necessário. Especialmente em áreas com solos arenosos, que possuem alta drenagem e baixa capacidade de retenção de água.
Moura destacou que o excesso de irrigação pode levar à perda de nutrientes, já que a água em excesso drena para camadas mais profundas do solo. O estudo também analisou a variedade Kent, que apresentou um manejo hídrico mais equilibrado e um uso mais eficiente da água.
Coeficientes de cultivo (Kc)
O coeficiente de cultivo (Kc) indica quanto uma cultura consome de água em relação às condições potenciais de evapotranspiração. Moura ressaltou que esse coeficiente deve ser utilizado por técnicos nas propriedades para determinar a quantidade necessária de água para irrigar as culturas.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Descubra quais são os municípios mais ricos do agro brasileiro
+ Agro em Campo: Produtores de amendoim vão conhecer sistema americano de plantação
Após avaliar o volume de água aplicado às culturas, os pesquisadores instalaram torres micrometeorológicas para monitorar variáveis como radiação solar e temperatura. Para a mangueira Palmer, o consumo médio de água durante um ciclo completo foi estimado em 1,4 litro. Os valores médios recomendados para o Kc foram: 0,81 na fase de crescimento vegetativo, 0,76 durante o repouso e maturação dos ramos, 0,85 na indução floral, 0,90 na floração e 0,95 no desenvolvimento dos frutos.
A pesquisa também definiu coeficientes para a mangueira Kent, com valores recomendados variando conforme as fases do cultivo. O manejo do estresse hídrico durante a indução floral é crucial para garantir uma boa produtividade.
Recorde nas exportações
Em 2023, a manga da região alcançou um recorde nas exportações, totalizando cerca de 315 milhões de dólares. Quase 95% desse volume proveniente do Vale do São Francisco. Moura finalizou destacando que as informações obtidas pela pesquisa podem ajudar os produtores a aplicar água adequadamente, melhorando a eficiência agrícola e promovendo um uso mais sustentável dos recursos hídricos.