Com o aquecimento global em curso, agricultores ao redor do mundo estão enfrentando uma crise para cultivar culturas que tradicionalmente prosperaram em suas regiões no Brasil e no Mundo. As mudanças climáticas têm imposto desafios crescentes à agricultura, afetando diretamente a produtividade e a viabilidade econômica do setor. O regime irregular de chuvas é um dos principais problemas enfrentados.
Regiões que tradicionalmente apresentavam um padrão pluviométrico mais estável agora sofrem com períodos prolongados de estiagem ou chuvas excessivas, impactando a produção de culturas essenciais como soja, milho e café.
O aumento das temperaturas médias também exerce pressão sobre as colheitas. Plantas como o café arábica, que prosperam em climas mais amenos, têm visto seus ciclos de crescimento alterados, prejudicando a qualidade e o rendimento dos grãos. Esses picos de calor aceleram o desenvolvimento das plantas, reduzindo o tempo para o amadurecimento adequado e comprometendo a colheita.
Fenômenos climáticos extremos
Outro efeito marcante é a maior frequência de fenômenos climáticos extremos, como enchentes e tempestades de granizo. Esses eventos causam danos imediatos às plantações e à infraestrutura agrícola, gerando prejuízos financeiros substanciais para os produtores.
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Além disso, o clima mais quente e úmido facilita a disseminação de pragas e doenças agrícolas. A ferrugem asiática da soja e a broca-do-café são exemplos de problemas que se tornaram mais persistentes com o avanço das mudanças climáticas. Essa situação leva a um aumento nos custos de produção, pois exige mais investimento em defensivos agrícolas e estratégias de manejo.
A escassez de água também se tornou um fator crítico. Reservatórios com níveis baixos afetam os sistemas de irrigação, limitando a capacidade de pequenos e grandes produtores de manterem a produtividade durante os períodos de seca prolongada.
Desafios no cultivo da batata
Um exemplo alarmante é a batata, que está se tornando cada vez mais difícil de cultivar na Pensilvânia, o maior estado produtor de batatas fritas dos Estados Unidos, segundo informações do Marketplace.
As batatas precisam de noites frescas para se desenvolver adequadamente, mas na Pensilvânia essas noites estão se tornando cada vez mais raras. Bob Leiby, agrônomo da Cooperativa de Produtores de Batata da Pensilvânia, explica que na década de 1980 havia cerca de 35 noites por ano que eram quentes demais para as plantações. Atualmente, esse número subiu para quase 50 noites por ano. Para quem vive disso, é um grave sinal de crise.
Como resultado, os agricultores locais estão lutando para produzir batatas suficientes para atender à demanda dos fabricantes de chips do estado. Essa escassez forçou as empresas a buscar batatas de fora da Pensilvânia. Isso não apenas aumenta os custos de transporte, mas também contribui para a poluição do ar devido ao transporte marítimo.
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Essas dificuldades têm um impacto direto nos preços para os consumidores. De acordo com o Bureau of Labor Statistics, o custo médio de um saco de batatas fritas de 16 onças subiu de menos de US$ 4,50 para cerca de US$ 6,50 na última década.
Consequências das falhas nas colheitas
A situação das colheitas de batata na Pensilvânia ilustra como as mudanças climáticas estão ameaçando o abastecimento alimentar global. Outros exemplos incluem secas severas que afetaram as culturas de arroz, milho e artemísia na China e as plantações de milho na Colômbia. Além disso, apicultores no México e muitos outros agricultores em todo o mundo também enfrentam dificuldades devido a condições climáticas extremas.
Para enfrentar essas quebras de safra, cientistas estão se dedicando à edição genética de diversas plantas, buscando torná-las mais resistentes a condições climáticas adversas como calor intenso e seca. No entanto, essa abordagem pode não ser suficiente se o aquecimento global continuar sem controle.
Para resolver efetivamente a crise no abastecimento alimentar, é crucial que a sociedade transite de fontes de energia poluentes, como gás e petróleo, para alternativas limpas e renováveis, como energia eólica e solar. Essa mudança é fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável para a agricultura global.