O maior produtor de azeite do mundo, a Deoleo, com sede na Espanha, anunciou que o preço do azeite, conhecido como “ouro líquido”, deve cair para metade dos níveis recordes alcançados nos últimos meses. A empresa afirma que um dos períodos mais desafiadores da história do setor parece estar chegando ao fim.
Nos últimos anos, o setor enfrentou condições climáticas extremas e secas no sul da Europa, que impactaram severamente as colheitas de azeitonas. Essa situação resultou em um aumento significativo nos preços, surpreendendo tanto consumidores quanto veteranos da indústria. Contudo, as previsões para a temporada 2024-2025 indicam uma colheita muito melhor em países produtores como Espanha, Grécia e Tunísia.
Crise e impactos
A escassez de azeite, essencial na dieta mediterrânea, levou o setor a uma crise sem precedentes. As colheitas reduzidas na Espanha, maior produtora mundial, e em outros países como Grécia e Tunísia elevaram os preços a níveis históricos, com impactos tanto para os consumidores quanto para os produtores. Essa situação também aumentou a insegurança alimentar e até estimulou roubos em supermercados espanhóis.
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Entretanto, as previsões apontam para uma recuperação. Miguel Ángel Guzmán, diretor de vendas da Deoleo, destacou em entrevista a imprensa que, embora os preços estejam começando a esfriar, o mercado ainda enfrenta incertezas até o início da próxima colheita. “As perspectivas são positivas para os próximos meses, com a estabilização gradual do mercado e aumento da oferta”, afirmou Guzmán.
Queda nos preços e recuperação do setor
Atualmente, o preço do azeite extra virgem na Andaluzia, na Espanha, gira em torno de 6 euros por quilograma, uma redução de 35% em relação ao recorde de 9,2 euros registrado em janeiro. Guzmán prevê que os preços possam cair para cerca de 5 euros por litro ao longo de 2025, dependendo das condições climáticas e da estabilidade nas colheitas.
A Espanha, responsável por mais de 40% da produção mundial de azeite, será crucial para a recuperação do mercado. Estima-se que a produção espanhola alcance 1,3 milhão de toneladas métricas na próxima temporada, quase o dobro das 680 mil toneladas produzidas no último ciclo. Além disso, boas colheitas são esperadas na Grécia, Tunísia e Turquia, com qualidade elevada das azeitonas.
Guzmán também comentou sobre a necessidade do setor se adaptar às mudanças climáticas, que representam uma ameaça existencial para a indústria. Em resposta a esses desafios, investimentos significativos estão sendo feitos em novas tecnologias agrícolas e no desenvolvimento de variedades de azeitonas mais resistentes.
As previsões indicam que os preços do azeite podem cair para cerca de 5 euros por litro nos próximos meses, aliviando as tensões no mercado e facilitando uma normalização gradual após um período marcado pela volatilidade.
Mudanças climáticas e adaptação do setor
Apesar das expectativas otimistas, o setor continua a enfrentar desafios estruturais. Guzmán destacou que as mudanças climáticas representam uma ameaça existencial para a indústria. E exige investimentos em tecnologia agrícola e desenvolvimento de variedades de azeitonas mais resistentes.
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O mercado, no entanto, permanece cauteloso. Kyle Holland, especialista em oleaginosas da Expana, ressaltou que a abundância de oferta prevista para 2025 pode pressionar ainda mais o preço do azeite para baixo. “A maioria dos participantes da indústria está muito pessimista sobre uma nova alta de preços com a oferta que se desenha no horizonte”, afirmou.
Futuro incerto, mas promissor
A Deoleo reforça a necessidade de uma “transformação profunda” na cadeia produtiva para lidar com as incertezas climáticas e econômicas. Mesmo com a recuperação esperada, o setor enfrenta o desafio de equilibrar oferta e demanda, enquanto busca soluções sustentáveis para garantir sua viabilidade a longo prazo.
Com o mercado em transição, consumidores e produtores aguardam um retorno à estabilidade, embora o caminho ainda seja marcado por desafios globais e mudanças climáticas que redefinem o futuro do azeite.