A JBS e o Masterboi, dois dos maiores frigoríficos do Brasil, suspenderam o fornecimento de carne ao Grupo Carrefour e ao Atacadão em resposta às declarações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard. Na última quarta-feira (20), Bompard anunciou que a rede francesa deixaria de comercializar carne proveniente do Mercosul, alegando que esses produtos não atendem às exigências do mercado francês. Essa decisão gerou uma onda de retaliação por parte das indústrias brasileiras, que já afeta cerca de 150 lojas do Carrefour no Brasil.
A suspensão do fornecimento começou a ser implementada na quinta-feira (21) e se intensificou nos dias seguintes, com a expectativa de que o desabastecimento das lojas ocorra em até três dias, devido à natureza perecível dos produtos. As empresas envolvidas, incluindo a JBS — que fornece a marca Friboi — e a Marfrig, não comentaram oficialmente sobre a situação. No entanto, fontes da indústria afirmam que a Friboi é responsável por 80% do volume de carne fornecido ao Carrefour.
A reação das indústrias foi apoiada pelo governo brasileiro, que pediu ações enérgicas contra o boicote da rede. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressaram apoio às medidas tomadas pelos frigoríficos. Diversas associações do agronegócio, em uma nota conjunta, reafirmaram o compromisso com a produção responsável e sustentável e destacaram que, se o mercado francês não considera o Mercosul um fornecedor adequado, outros países também deveriam adotar o mesmo posicionamento.
Atacadão e Carrefour – outro lado
O Carrefour, por sua vez, negou a ocorrência de desabastecimento em suas lojas no Brasil, mas não comentou sobre a interrupção do fornecimento. A situação gerou descontentamento entre os produtores brasileiros, que veem essa medida como uma desvalorização dos produtos nacionais.
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A crise se insere em um contexto mais amplo de tensões comerciais relacionadas ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Agricultores franceses têm protestado contra o acordo, temendo que produtos brasileiros possam prejudicar sua competitividade no mercado europeu. Assim, a declaração de Bompard reflete uma tentativa de alinhar-se com os interesses dos agricultores franceses em meio a essas preocupações.
Enquanto isso, as entidades representativas do setor agropecuário brasileiro continuam a pressionar por uma retratação pública do Carrefour em nível global. E enfatizam a importância da carne brasileira nos mercados internacionais e sua contribuição para a segurança alimentar.