A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê crescimento do PIB do agronegócio em 2025, com avanço estimado em até 5%. O aumento será impulsionado pela expansão da produção primária, especialmente de grãos, e pelo desempenho da indústria de insumos e da agroindústria exportadora. Contudo, o setor enfrenta cenários desafiadores no Brasil e no exterior.
O balanço de 2024 e as perspectivas para 2025 foram apresentados em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (11). O evento contou com a presença de João Martins, presidente da CNA, e de diretores técnicos e internacionais da entidade. Durante a apresentação, foram destacados fatores que impactam o setor, como política fiscal, câmbio, inflação e a taxa Selic.
Cenário internacional e mercado externo
A conclusão do acordo Mercosul-União Europeia é um marco positivo, mas as tensões globais desafiam o agronegócio. Medidas como a Lei Antidesmatamento (EUDR) podem restringir o acesso de produtos brasileiros ao mercado europeu. Além disso, o setor privado reagiu às recentes ameaças de boicotes contra produtos agropecuários do Brasil.
Na China, maior parceira comercial do Brasil, a desaceleração econômica e a baixa capacidade ociosa impactam a demanda. Apesar disso, o país segue dependente das importações de grãos devido às limitações de terras e água agricultáveis.
Câmbio e custos de produção
A valorização do dólar pode favorecer as exportações, mas aumenta os custos de insumos importados, como fertilizantes e pacotes tecnológicos. Esse cenário pressiona diretamente os produtores rurais e desafia a competitividade do setor.
Taxa Selic e crédito rural
A CNA projeta que a taxa Selic deve permanecer elevada em 2025, atingindo 13,50% ao final do ano. Juros altos dificultam o acesso ao crédito rural e impactam negativamente as concessões financeiras para o setor. No orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), os recursos previstos de R$ 1,06 bilhão são insuficientes para atender à demanda de R$ 4 bilhões.
VBP: crescimento impulsionado pela recuperação da safra
O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária deve atingir R$ 1,43 trilhão em 2025, alta de 7,4% sobre 2024. O segmento agrícola, que deve totalizar R$ 937,55 bilhões, se recupera após a quebra de safra deste ano. Na pecuária, o VBP pode crescer 9,2%, somando R$ 495,13 bilhões, com destaque para a bovinocultura de corte, que projeta aumento de 20,9% nos preços.
Produção e consumo interno
A safra de grãos 2024/2025 deve alcançar 322,53 milhões de toneladas, segundo a Conab, um recorde histórico com alta de 8,2%. Na pecuária, a produção de leite deve crescer 1,5%, enquanto a de carne bovina deve cair 3,3%, devido à virada do ciclo pecuário. Apesar disso, a exportação de carne bovina deve aumentar 1,8% em 2025.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Novas cultivares de maracujá resistentes à fusariose
+ Agro em Campo: Brasil projeta US$ 28,5 milhões com café especial na Coreia do Sul
Logística e infraestrutura
O Brasil avança em infraestrutura com o fortalecimento do transporte hidroviário e ferroviário. A Ferrovia Transnordestina receberá R$ 3,6 bilhões, e o leilão da Ferrogrão está previsto para o segundo semestre, condicionado a decisão do STF. O lançamento do Marco Regulátor dos Rios busca fomentar a navegação fluvial e aumentar a eficiência do transporte.
Sustentabilidade e mercado global
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o cumprimento do Código Florestal são desafios estruturais que exigem soluções urgentes. A CNA destaca a necessidade de demonstrar a sustentabilidade da produção brasileira para competir no mercado internacional. Enquanto isso, a coalizão de países produtores busca enfrentar barreiras climáticas e comerciais impostas pela União Europeia.
Balanço de 2024
O PIB do agronegócio deve crescer até 2% em 2024, puxado pela bovinocultura de corte. Em resumo, até novembro, as exportações do setor somaram US$ 152,6 bilhões, com estimativa de atingir US$ 166 bilhões até o final do ano. Apesar dos desafios, o agronegócio segue como um dos principais motores da economia brasileira.