As novas variedades de nectarinas, BRS Cathy, BRS Dani e BRS Janita, foram desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético de Frutas de Caroço da Embrapa Clima Temperado (RS) e estão revolucionando o mercado nacional de frutas. Lançadas conjuntamente, essas cultivares apresentam períodos de maturação complementares, garantindo produção contínua do fim de outubro até o fim de dezembro. Essa inovação visa atender tanto aos produtores quanto ao consumidor final, ampliando a disponibilidade de frutas frescas por mais tempo.
A pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira, responsável pelo desenvolvimento das cultivares, destacou a importância desse lançamento conjunto. “Geralmente, lançamos uma cultivar de cada vez devido ao longo processo de adoção, que pode levar até cinco anos. Contudo, essas três variedades foram lançadas simultaneamente por apresentarem características comuns, como doçura, baixa acidez e maturação sequencial”, explicou.
Características de produção e adaptação
A BRS Cathy, conhecida por sua maturação precoce, inicia a colheita no final de outubro ou início de novembro, destacando-se pela baixa exigência de frio (entre 200 e 250 horas de baixas temperaturas). Já a BRS Dani, colhida a partir da segunda quinzena de novembro, apresenta produtividade média de 20 toneladas por hectare (t/ha) ou mais, dependendo das condições regionais e práticas de manejo. Por fim, a colheita da BRS Janita, que produz frutos de polpa amarela e baixa acidez, ocorre a partir da segunda semana de dezembro, encerrando o ciclo de produção.
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Os produtores podem cultivar essas variedades nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde elas se adaptam bem a climas mais quentes por exigirem menos frio. Além disso, as frutas atendem prioritariamente ao mercado in natura, oferecendo praticidade e alta qualidade aos consumidores.
Lançamento e disponibilidade
Até 2026, a Embrapa planeja disponibilizar mais três variedades de nectarinas, ampliando as opções para produtores e consumidores. Em 2018, a Embrapa, em parceria com a Epagri, lançou a BRS SCS Nina, uma variedade de polpa branca, fortalecendo o compromisso em atender às demandas do cultivo nacional.
A BRS Cathy e a BRS Dani produzem frutos de polpa branca, com película creme e cobertura predominantemente vermelha. Já a BRS Janita apresenta frutos de polpa amarela, com película amarelo-esverdeada e cobertura também vermelha. Em termos de peso, as frutas variam de 80 g a 110 g, dependendo da variedade. As avaliações de campo demonstraram alta produtividade, superando 20 t/ha em condições ideais de manejo.
Homenagens no nome das variedades
Os nomes das cultivares foram escolhidos para homenagear figuras importantes no campo do melhoramento genético e na produção de frutas. A BRS Cathy homenageia Catherine Bailey, pioneira no melhoramento de frutíferas. A BRS Janita presta tributo a Janita Moore, incentivadora do pesquisador James Moore, enquanto a BRS Dani reconhece o jovem Daniel Staloch, que desde cedo apoia o cultivo de frutas em parceria com o pai, Marcos Staloch.
Apesar de ainda pouco popular no Brasil, o cultivo de nectarinas tem grande potencial de crescimento. Isso impulsionado pelo aumento da demanda e pela alta qualidade das variedades nacionais. Dados do IBGE apontam que, em 2022, o Brasil produziu cerca de 950 toneladas de nectarinas. Enquanto isso, países europeus, como Espanha e Itália, apresentam crescimento expressivo na produção e consumo da fruta.
Com a introdução dessas novas variedades, a Embrapa visa não apenas atender à demanda interna. Mas também posicionar o Brasil de forma mais competitiva no mercado internacional. A expectativa é que a popularidade das nectarinas cresça, acompanhando tendências globais e contribuindo para a diversificação da fruticultura nacional.